Brexit e pandemia afetaram a cadeia de produção; sem espaço para armazenar animais, criadores preveem necessidade de eliminar até 120 mil porcos
Suinocultores do Reino Unido dizem que a falta de mão de obra na indústria e nas fazendas poderá exigir, em breve, o sacrifício de até 120 mil animais. “Estamos a algumas semanas de ter que considerar um abate em massa de animais neste país”, disse Rob Mutimer, presidente da National Pig Association (NPA), em entrevista concedida em 1º/10 ao programa “Today”, da BBC Radio 4.
A escassez de trabalhadores nas fazendas e nos frigoríficos é mais um dos desdobramentos do Brexit, a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, que afetou as cadeias de abastecimento e industrialização do setor. Desde o início de agosto, os abates nos frigoríficos do Reino Unido caíram cerca de 25%. Com isso, os criadores precisaram manter os animais nas fazendas, improvisando instalações em galpões de bovinos e em estruturas usadas para armazenar batatas, segundo a NPA.
“Agora, muitas fazendas simplesmente ficaram sem espaço”, diz Mutimer. Por falta de trabalhadores para o processamento, muitos criadores terão que sacrificar os porcos nas próprias fazendas ou descartá-los nos abatedouros. “Esses animais não entrarão na cadeia de produção de alimentos. Eles serão descartados ou enviados para incineração. É uma falha absoluta”.
Segundo o dirigente, a indústria entrou em crise com a combinação de mudanças nas regras de imigração pós-Brexit e o êxodo de trabalhadores estrangeiros, causado pelas constantes mudanças nas restrições para viagens na pandemia. A NPA fez um apelo aos varejistas para não comprarem carne suína de fornecedores da União Europeia, mesmo que ela seja mais barata, para evitar o risco de escassez do produto nas prateleiras.