Puxado sobretudo pela queda no preço dos cereais, em julho passado o Índice de Preços de Alimentos da FAO (FFPI, na sigla em inglês) registrou a segunda redução consecutiva do ano, fechando em 123 pontos. Mesmo assim, apresentou evolução de quase 31% sobre o mesmo mês do ano passado.
A queda poderia ter sido maior não fosse a continuidade do aumento de preços das carnes (+0,77% no mês) e do açúcar (+1,69%). As carnes, depois de terem encerrado setembro de 2020 com um dos menores preços dos últimos cinco anos, permanecem desde então em valorização contínua e, nos últimos 12 meses, acumulam aumento de, aproximadamente, 20%.
De toda forma, notar que as carnes (gráfico abaixo) ainda permanecem a grande distância do FFPI e, sobretudo, dos cereais. Sob esse aspecto, um ano atrás (julho de 2020) carnes e cereais mantinham, com diferenças mínimas, quase a mesma paridade de preços observada no triênio 2014/2016, período referencial da FAO. Porém, de lá para cá, frente à valorização de 19,58% das carnes, os cereais (a despeito dos retrocessos mais recentes) continuam 29,56% mais caros.
Analisando o novo retrocesso dos cereais, a FAO destaca, especialmente, que os preços internacionais do milho caíram 9,1 pontos (-6% no mês), em função de pelo menos três fatores: produção maior que a esperada na Argentina, perspectiva de melhor safra nos EUA e cancelamento de pedidos anteriormente efetuados pela China.
Na direção contrária (isto é, no sentido da alta de preços) pesou a situação do Brasil. E não apenas pelas perspectivas de quebra da segunda safra, mas também porque, encorajados pelos altos preços domésticos do grão, os vendedores brasileiros reduziram a oferta externa do produto, dando preferência ao mercado interno (o que – observação do AviSite – não serviu para arrefecer os preços internos, que aumentaram mais de 5% em relação a junho).
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