Abertura ocorreu nesta terça-feira (10). Durante três dias, serão disponibilizadas uma série de palestras técnicas
Com mais de 1,5 mil inscrições, iniciou nesta terça-feira (10) o 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) e a 12ª Brasil Sul Pig Fair virtual. Considerado um dos principais fóruns de discussão do setor na América Latina, é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e segue até quinta-feira (12) de maneira inovadora e altamente tecnológica: totalmente on-line, com geração e transmissão a partir de Chapecó (SC).
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína, estando atrás apenas da China, da União Europeia e dos Estados Unidos. O presidente do Nucleovet, Luiz Carlos Giongo, ressaltou que esse patamar foi conquistado ao longo dos anos, com muito trabalho e participação da cadeia produtora. “Destaco a relevância da informação científica de qualidade para a geração de conhecimento que, bem aplicado, transforma os negócios. Nesse sentido, o Simpósio de Suinocultura contribui com os profissionais”.
Giongo frisou que a comissão científica estruturou uma ampla programação com temas atuais e que fazem parte do dia a dia dos negócios. Serão 11 palestras distribuídas nas três tardes do Simpósio, que abordam os temas tendências de futuro, biosseguridade, uso prudente de antimicrobianos, nutrição e sanidade. Além disso, os eventos paralelos também trazem informações ao longo dos três dias do evento.
As palestras são transmitidas em alta definição, com tradução simultânea do português para o espanhol, e ficarão disponíveis para acesso, após o evento, durante 30 dias.
A vice-governadora Daniela Reinehr, parabenizou o Nucleovet que completa 50 anos em outubro próximo e enfatizou a importância do SBSS para proporcionar conhecimento, tecnologia e inovação, aspectos que tornaram o estado referência em produção. “Foi assim que crescemos e chegamos aos mercados mais competitivos do mundo. O agronegócio e a suinocultura estão mantendo o País de pé. Temos uma série de desafios, mas o setor se reinventa e busca alternativas para continuar se desenvolvendo”.
O secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, sublinhou que o momento atual é ímpar, devido aos desafios sanitários que se apresentam com os surtos de Peste Suína Africana. “Santa Catarina reforçou o trabalho de prevenção e controle. O Estado é o maior exportador brasileiro e precisa manter a sanidade. Somente em julho, o faturamento com as exportações foi de R$ 142 milhões, 52,6% a mais que no mesmo mês de 2020”, disse, ao acrescentar que o SBSS é um evento importante para a economia catarinense e brasileira.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, salientou o importante papel do Nucleovet para o aperfeiçoamento dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva. “O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína, chegamos em 93 mercados e neste ano devemos chegar a 4,7 milhões de toneladas, com mais de 1,2 milhão exportadas”, ressaltou. De acordo com Santin, há dois principais desafios atuais, o custo de produção e a sanidade. “Precisamos manter a sanidade para conquistar novos mercados e para isso precisamos dos médicos veterinários e zootecnistas”, grifou.
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues, ressalvou que o crescimento do agronegócio é exponencial. “Isso se deve à qualidade da produção brasileira, da agroindústria, do produtor rural e do Nucleovet que contribui com conhecimento e aprendizado para que possamos continuar como um dos maiores produtores mundiais”.
PIG FAIR
Em torno de 60 empresas de tecnologia, sanidade, nutrição, genética, aditivos e equipamentos para suinocultura participam da 12ª Brasil Sul Pig Fair, evento paralelo ao SBSS. A feira consiste em um espaço virtual onde as empresas geradoras de tecnologias apresentam suas novidades e seus produtos, permitem a construção de networking e o aprimoramento técnico dos congressistas. O acesso para a feira é gratuito.
Perspectivas para o mercado de grãos e os desafios da suinocultura
As tendências e perspectivas para o mercado de carnes e grãos abriram os debates do 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS). O engenheiro agrônomo e doutor em economia aplicada, Alexandre Mendonça de Barros, afirmou que, apesar da recessão mundial com a pandemia, o agronegócio brasileiro passa por um momento positivo e deu um salto extraordinário. A alta do dólar tornou nosso País extremamente competitivo internacionalmente, um quadro que beneficiou todas as cadeias produtivas.
O especialista também abordou as projeções de crescimento do Fundo Monetário Internacional (FMI), os impactos da alta do dólar, fez um panorama sobre a conjuntura agropecuária mundial, previsões climáticas dos principais produtores mundiais de grãos, o consumo e produção de carne suína e alertou para a importância de redobrar os cuidados com a peste suína africana.
Apesar do momento positivo, o agro precisa ser estratégico. Por isso, Mendonça ressaltou o grande desafio do Brasil em criar um futuro mercado de grãos. Diante da expressiva alta dessas commodities, que são tão importantes para nossa cadeia produtiva, o especialista pontuou que é fundamental para a suinocultura analisar as tendências de oferta e demanda, as previsões de safras, os principais países produtores e como o clima pode afetar essas culturas.
“Os preços dos grãos explodiram e estamos diante de um forte crescimento da demanda mundial. A China, por exemplo, que era um país que não importava milho, vem se tornando o maior importador do grão no mundo”, afirmou. O mercado está aquecido e o Brasil deve estar focado em ser produtivo e eficiente para atender essa demanda. Por ser um recurso escasso, esses grãos devem ser convertidos da melhor forma possível em proteína animal.
O mercado de proteínas também tem se mantido em alta. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que as exportações de carne suína bateram recorde histórico no ano passado, com alta de 36% em relação a 2019. Somente o mercado asiático representou 80% do total de exportações da suinocultura brasileira.
A China está se restabelecendo após o surto de peste africana, que dizimou parte de seu rebanho, mas apesar de apresentar bons índices de recuperação, o país continuará dependendo da suinocultura brasileira e sendo um mercado importante para o Brasil. “Há uma ampla concentração da China como demandante da carne brasileira. Daí a importância de nos preocuparmos com a sanidade, pois o momento exige muito esse cuidado”, reforçou Mendonça.