Porte e localização das propriedades também pesam na conta, diz especialista da ESPM Porto Alegre.
As seguidas altas de preços de biocombustíveis (etanol e biodiesel) têm pressionado os custos de produtores de todos os portes no agronegócio. Nos primeiros cinco meses de 2021, a alta acumulada no IPCA para os combustíveis é de 25,6%. Além de ter impacto no abastecimento das máquinas agrícolas, a elevação de preços afeta os fretes dos produtos. Os impactos atingem de maneira desigual os produtores, dependendo do porte, da especialização da propriedade e da localização geográfica.
“Na agricultura, o peso dos combustíveis é maior nos custos de produção do que na pecuária. A agricultura de larga escala também é mais intensiva no consumo de biodiesel em relação a propriedades menores”, afirma Rodrigo Feix, economista e professor da ESPM Porto Alegre.
Para o economista, os grandes produtores têm mais saídas nessa situação em relação aos médios e pequenos. “Produtores maiores têm mais condições de barganhar preço com os fornecedores. Eles também têm a vantagem de dispor de mais recursos para investir em tecnologias para poupar combustível, como máquinas modernas e novas ferramentas de agricultura digital”, diz.
Outro fator importante para o especialista é a localização das propriedades rurais. “Aqueles que estão em regiões mais afastadas dos portos ou dos principais centros consumidores também são mais impactados pela alta dos combustíveis, já que tem que arcar com fretes mais caros”, afirma.
Segundo Feix, o cenário deve persistir ao longo dos próximos meses, por conta do cenário econômico internacional. “A alta nos preços ocorre em um quadro de expectativas de crescimento da demanda, estimulada pela retomada da economia mundial com o avanço da vacinação. Também há incertezas na quantidade a ser ofertada pelos países da OPEP. O alinhamento de preços da Petrobras com o mercado internacional reforça ainda mais essa tendência”, diz.