Crescendo de forma consistente, o consumo de carne suína em 2021 já chega a 17,65 kg nas projeções do trimestre
Em meio a desafios, uma boa notícia: o consumo de carne suína per capita aumenta no Brasil pelo segundo trimestre consecutivo, chegando a 17,65 kg nas projeções no trimestre (gráfico 1) e 17,58 kg na média semestral, lembrando que o consumo recorde foi atingido em 2020, com 16,9 kg. Ou seja, apesar de problemas de poder aquisitivo da população em geral e das restrições da pandemia de Covid-19, a carne suína tem se mostrado cada vez mais como uma opção para o consumidor brasileiro, que tem aumentado cada vez mais a presença da suína na mesa em 2021.
Este fenômeno do aumento de consumo doméstico (per capita) no primeiro semestre de 2021 foi observado também para as outras proteínas (tabela 1), totalizando uma projeção anual de 93,01 kg per capita, sendo que a carne suína representa 19% deste total.
Tabela 1. Evolução do consumo per capita ano do Brasil (kg/habitante) das três principais proteínas animais desde 2015 até o primeiro semestre de 2021. Fonte: IBGE e MDIC.
Foram divulgados pelo IBGE, no dia 11/08, os dados preliminares de abate do segundo trimestre de 2021. A carne suína (toneladas de carcaças), em relação ao trimestre anterior cresceu 5,2% e, em relação ao segundo trimestre de 2020 cresceu 9,6%. Projetando-se os números deste primeiro trimestre de 2021 para o ano todo, teríamos um aumento de 6,1% de toneladas de carcaças e de 4,0% de cabeças. Os números representam recorde em um trimestre, tanto em cabeças (mais de 13 milhões), quanto em peso total de carcaças (mais de 1,2 milhões toneladas) e também o peso médio das carcaças (93,36kg). Considerando o primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado o aumento de toneladas de carne suína produzida foi de 8,74% em toneladas e 6,39% em cabeças abatidas.
O crescimento do consumo de carne suína pode parecer pequeno em números absolutos, mas percentualmente é extraordinário. Pelos números apresentados na tabela 1, enquanto a carne bovina perdeu espaço na mesa do consumidor brasileiro (-6,95%), a carne suína, desde 2015, teve o maior crescimento (+21,48%), bem superior ao do frango (+6,62%). Em números absolutos, o brasileiro passou a consumir 4,12 kg per capita ano a mais de todas as carnes, sendo que reduziu 2 kg de carne bovina e praticamente aumentou as mesmas quantidades de frango e suíno (3,02 kg e 3,11 kg respectivamente).
Para o consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, “Este aumento consistente e contínuo do consumo doméstico de carne suína é, sem dúvida, o fato mais positivo do ano até o momento. Pode-se considerar como uma espécie de “território conquistado” ao longo dos últimos anos, fruto do árduo trabalho do setor, encabeçado pela ABCS, em várias frentes: maior produtividade nas granjas (competitividade no preço), busca incessante da qualidade da carne e da apresentação dos cortes e informação aos consumidores e profissionais de saúde quanto à saudabilidade da carne suína, dentre outras ações estruturantes.”
Já falando sobre mercado externo, o mês de julho fechou com 92,84 mil toneladas de carne suína in natura embarcada. No balanço acumulado do ano, de janeiro a julho, quando comparado com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 16 % (+81,9 mil toneladas) no volume de carne suína brasileira in natura embarcada no total e de 22 % para a China (+61,8 mil toneladas). Para os próximos meses á esperado uma redução da diferença em relação ao mesmo período do ano passado, como já vem acontecendo nos últimos 3 meses, projetando-se terminar o ano de 2021 com volumes exportados acima de 10% superior ao de 2020.
Porém, ainda preocupa o baixo preço da carne suína no mercado doméstico chinês, o que pode pressionar a uma possibilidade de barganha de preços de nossa carne, reduzindo as margens de exportação, com risco de redução do ritmo dos embarques. Por outro lado, o câmbio do dólar no Brasil tem se desvalorizado, propiciando maior competitividade para nossas vendas externas. É preciso ficar atento a estes movimentos, pois o mercado doméstico tem se apresentado bastante ofertado e, eventuais reduções nos embarques podem aumentar a oferta interna, pressionando para baixo os preços pagos aos produtores.
Colheita da segunda safra de milho em andamento determina disponibilidade de grãos, mas quebra recorde de safra é motivo de preocupação para os próximos meses
A CONAB divulgou no dia 10 de agosto o décimo primeiro levantamento da safra 2020/21, com uma redução ainda maior na projeção de colheita em relação ao levantamento anterior. A projeção indica uma produção de 60,3 milhões de toneladas que somadas a primeira e terceira safras totalizariam 86,6 milhões de toneladas na safra 2020/21. Mantendo a projeção de importação de milho em 2,3 milhões de toneladas e reduzindo as exportações para 23,5 milhões de toneladas a Conab prevê um estoque final do ano-safra 2020/21, em 31 de janeiro do ano que vem, de 5,14 milhões de toneladas.
A colheita da segunda safra de milho, que já se encaminha para o final, junto com operações de cancelamento de exportações do grão, permitiu a disponibilidade de produto no mercado interno e uma certa contenção do viés de alta. Porém, o preço do milho continua em patamares muito elevados e, a preocupação aumento quanto mais nos aproximamos do final do ano, com previsões de estoque de passagem muito baixos e com uma eventual quebra significativa da safra norte-americana que pode pressionar os preços internacionais. Um alento são as medidas governamentais no sentido de retirar as taxas de importação do milho de fora do Mercosul, permitir compra de transgênicos e, mais recentemente, a promessa de que até o final de agosto sejam suspensas as cobranças de PIS/COFINS sobre a internalização de grãos de todos os importadores.
Observa-se prejuízo na atividade desde março com pico de custos em maio/21, quando ultrapassou os R$ 7,00 por kg vivo produzido nos três estados, situação que se repetiu em julho.