O início da operação de novas usinas que processam milho turbinará a oferta nacional de etanol e levará a um salto de 36% na fabricação na safra 2023/24, que começará em abril, alcançando a marca dos 6 bilhões de litros. Esse volume deverá corresponder a 19% de toda a produção esperada para o Centro-Sul do país.
A estimativa, da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), supera projeções de mercado, que apostavam em uma produção de pouco mais de 5 bilhões de litros na próxima temporada. A participação do milho na oferta desta safra 2022/23 deverá ficar em 13,7%.
Entre as novas indústrias em operação, três utilizam apenas milho: a da FS, em Primavera do Leste (MT), a da Inpasa, em Dourados (MS), e da CerradinhoBio, em Maracaju (MS). Há ainda a unidade flex da São Martinho em Quirinópolis (GO). Além disso, a usina da ALD Bio, de um grupo de agricultores, e a usina da Inpasa em Nova Mutum (MT) trabalharão com uma capacidade maior do que operaram no ciclo que termina neste mês. Alguns dos investimentos já foram concluídos, outros só terminarão no segundo semestre.
Diferentemente dos aportes em cana, a oferta de etanol de milho cresce consideravelmente mesmo com poucas novas usinas em atividade, dado o gigantismo dos projetos. Em seis anos, a produção de etanol de milho cresceu 12 vezes, com a construção de 20 usinas full e flex no país. Apenas uma empresa como a Inpasa já produz, sozinha, mais etanol do que todas nas regiões Norte e Nordeste somadas, com 2,6 bilhões de litros anuais.
A proporção dos empreendimentos explica-se pelo volume de excedente exportável de milho, diz Guilherme Nolasco, presidente da Unem. “Para aproveitar [esse milho], é preciso uma economia de escala”, afirma.
Sua instalação criou uma competição com a demanda externa. Na próxima safra, a expectativa é que as usinas consumam 14 milhões de toneladas de milho, ou 11% da oferta nacional do grão. Embora relevante, o volume ainda é menor do que o Brasil deve exportar na próxima safra de grãos – 53 milhões de toneladas, segundo a Agroconsult.
Ainda que seja uma indústria nova no país, já passou por alguns percalços. A pandemia derrubou consumo e preços de etanol em um momento de disparada do milho. Naquele fatídico 2020, a FS, por exemplo, teve prejuízo de R$ 208 milhões. Mas o solavanco foi curto e, logo no ano seguinte, a FS e outras do ramo voltaram ao positivo, a ponto da companhia no último ciclo ter lucrado R$ 1,5 bilhão.
Com novos projetos esperados para os próximos anos, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) já estima que a produção de etanol de milho deverá alcançar 10 bilhões de litros até 2030, com R$ 15 bilhões em investimentos.