O aeroporto internacional de Maceió (AL) recebe por semana dois voos vindos de Portugal, com até 150 passageiros, cada. A bagagem deles, no entanto, não tem sido fiscalizada por falta de auditores agropecuários. A situação é a mesma nos aeroportos de Aracaju (SE) e Natal (RN). Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), esse cenário aumenta o risco da entrada de doenças graves no país, a exemplo da peste suína africana.
Os auditores agropecuários são responsáveis por fiscalizar as bagagens dos passageiros de voos internacionais para identificar produtos de origem vegetal, como frutas e sementes, e de origem animal, como defumados e embutidos, proibidos no Brasil. Para se ter ideia, o vírus da peste suína africana pode permanecer por meses em alimentos. Embora não seja transmitida a humanos, a doença compromete a cadeia produtiva e, em larga escala, a economia de um país.
“A situação é grave e temos alertado isso às autoridades. Precisamos urgentemente que o Estado entenda a necessidade de valorização e investimentos para a defesa agropecuária e, sobretudo, de mais técnicos, que só virão com mais concursos públicos”, reforça o presidente do Anffa, Janus Pablo.
O sindicato afirma que em outros aeroportos do país a capacidade de atuação dos auditores está reduzida e pode piorar, se nenhuma medida for tomada a curto e médio prazos. Também preocupa, segundo o Anffa, a importação de produtos nos portos brasileiros, como o Porto de Jaraguá, na capital alagoana, onde não está sendo feito o controle dos materiais por falta de auditores.
Atualmente, a carreira de auditor fiscal federal agropecuário, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), possui 2,4 mil servidores ativos para atuar em portos, aeroportos e postos de fronteira, nos campos de produção, na indústria e em laboratórios. Para o Anffa, seriam necessários cerca de 2 mil auditores a mais para todas as atividades.