Mesmo sendo preliminares, os resultados de mercado do frango, boi e suíno vivos apontam desempenho negativo tanto em relação ao mês anterior como ao mesmo mês do ano passado.
Fossem outros os tempos, tal comportamento seria recebido de forma natural. Afinal, por séculos, quem determinou a produtividade das criações foram, sobretudo, as estações do ano. E junho, com a entrada do Inverno no Hemisfério Sul, sempre foi caracterizado como de final da safra de carne bovina, momento em que os preços refluíam aos menores patamares do ano.
Mas os tempos mudaram. E as variações do clima passaram a ser neutralizadas, na maior parte, pela tecnologia. Sinal, pois, de que agora os problemas são outros. Mas… aos fatos:
Eles revelam que a inferioridade de preços não fica restrita ao mês anterior ou mesmo mês de 2022: se estende mais além. No caso do frango vivo, o preço de junho corrente retroage, nominalmente, a um nível que não era registrado desde março de 2021. E, no caso do boi em pé, o retrocesso se amplia, chega a setembro de 2020. Já o preço do suíno fica acima, apenas, dos registrados no primeiro trimestre do ano passado.
Vem daí, por sinal, o fato de o suíno fechar o primeiro semestre de 2023 com valorização de 15% em relação aos seis primeiros meses de 2022. Não que tenha ocorrido melhora, a remuneração de um ano atrás é que foi extremamente baixa.
Mas, analisando-se esses desempenhos de maneira mais ampla, seria até natural contar com esses retrocessos, porquanto as altas anteriores foram reflexo de condições anormais como a pandemia e a guerra na Ucrânia. Caminha-se para a normalidade – deveria ser a conclusão.
Mas o que ainda não voltou ao normal (e, provavelmente, nunca volte) é o custo da principal matéria-prima da produção animal: o milho. Demonstrando (e comparando-se os resultados do primeiro semestre de 2023 com aqueles registrados no mesmo semestre de 2019 – período pré-pandemia) constata-se que, frente a incrementos de preço de menos de 50% do frango vivo, de 60% do suíno e de 80% do boi em pé, o milho completa o semestre com variação próxima de 95%.