A carne cultivada em laboratório pode ser rotulada como kosher e halal, desde que suas células sejam derivadas de métodos que cumpram os padrões religiosos, de acordo com dois painéis de especialistas encomendados pela nascente indústria.
As opiniões são uma vitória para as empresas de carne cultivada em células, disseram os executivos, porque significa que os seguidores praticantes do Judaísmo e do Islã poderão um dia consumir os seus produtos.
“É mais um marco para tornar a carne cultivada uma solução real”, comemora Josh Tetrick, CEO da Good Meat.
A carne cultivada é atualmente vendida apenas em pequenas quantidades nos Estados Unidos e em Singapura, mas as empresas esperam que os investidores privados e públicos apliquem no setor dinheiro suficiente para escalar a produção e alterar as dietas em todo o mundo.
A carne cultivada é derivada de uma amostra de células animais que são alimentadas com uma mistura de nutrientes e cultivadas em cubas de aço, evitando a necessidade de operações agrícolas industriais com uso intensivo de terra e matadouros.
As empresas da nascente indústria esperam que o seu produto atraia veganos e vegetarianos, bem como consumidores de carne conscientes do clima.
A Good convocou um painel de três especialistas em direito islâmico (Sharia) que analisou a produção da empresa e no domingo (10) comunicou que a carne cultivada pode ser halal se, entre outros fatores, as células a partir das quais a carne é produzida vierem de um animal abatido de acordo com a lei islâmica.
Embora atualmente o frango da Good não atenda a esse padrão, o parecer fornece um roteiro para a indústria fabricar produtos halal, disse Tetrick em entrevista.
Por seu turno a União Ortodoxa (OU), a maior agência de certificação kosher, afirmou em 6 de setembro que o frango cultivado produzido pela empresa israelense SuperMeat atendeu aos seus padrões porque as células do frango não foram alimentadas com nenhum ingrediente animal e foram extraídas de um óvulo fertilizado antes que qualquer mancha de sangue aparecesse.
A SuperMeat e a OU estão trabalhando em diretrizes mais amplas para a indústria, disse o CEO da empresa, Ido Savir.
Mais de 12 milhões de pessoas nos Estados Unidos comem produtos kosher e 8 milhões comem produtos halal, de acordo com a OU e os Serviços Islâmicos da América, uma agência de certificação halal.
Os reguladores liberaram o frango cultivado para consumo nos EUA no início deste ano e, desde então, ele tem sido servido em alguns restaurantes sofisticados.