O uso de probióticos na fase de gestação na suinocultura promove diversos benefícios à saúde das fêmeas suínas e dos leitões, incluindo a redução de doenças, melhora da absorção de nutrientes e redução do estresse oxidativo. Diversos tipos de probióticos têm sido utilizados em fêmeas suínas na fase reprodutiva, sendo comum o gênero Bacillus, que são bactérias gram-positivas com a capacidade de formação de esporos e resistência aos fatores ambientais adversos. Os probióticos de bacillus atuam na melhoria da microbiota intestinal, estimulando o crescimento de bactérias benéficas e inibindo o crescimento de bactérias patogênicas. Entretanto, é importante ressaltar que os efeitos dos bacillus podem variar dependendo da cepa utilizada, da dose e da forma de administração, pois há grande variabilidade genética entre as cepas caracterizando modos de ações diferentes no organismo do suíno.
Dentre as diferentes cepas, Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis têm sido amplamente estudados em relação à saúde intestinal, imunidade em suínos e como estratégia em fêmeas suínas durante a gestação e lactação para melhorar a saúde e desempenho das porcas e leitões. Foi realizado no Brasil, um estudo em granja comercial com o objetivo de investigar o efeito dessas cepas específicas na qualidade do colostro produzido pelas fêmeas suínas e no consumo de colostro pelos leitões recém-nascidos. Foram utilizadas 190 fêmeas suínas que foram divididas em 2 grupos: Controle (sem suplementação) e Probiótico (ração basal + suplementação com Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis na dose de 400 g/t) e avaliados durante toda a fase de gestação e lactação. Todos os leitões foram pesados após o nascimento, sendo que no grupo probiótico os leitões nasceram com melhor peso estatisticamente (100 gramas a mais na média) comparado controle. A suplementação com probiótico resultou na maior frequência (31%) de leitões com 1,6 a 2,7 kg de peso ao nascer, enquanto o grupo controle apresentou 28%, além de ter reduzido em 3% leitões nascidos com peso inferior a 800g. Os leitões provenientes de fêmeas que receberam o probiótico consumiram aproximadamente 70 gramas a mais de colostro nas primeiras 24 horas de vida (figura 1), de modo que o consumo por leitegada foi 1,232 kg de colostro a mais comparado às leitegadas de fêmeas que não receberam o probiótico (figura 2).
A ingestão adequada de colostro, por sua vez, é essencial para o desenvolvimento do sistema imunológico do leitão recém-nascido, melhor desempenho de crescimento e redução na taxa de mortalidade; parâmetros que também foram melhores com a suplementação de fêmeas com os bacillus. Além disso, o colostro também contém fatores de crescimento e nutrientes importantes para o desenvolvimento do sistema digestivo e imunológico do leitão.
Além da melhor ingestão de colostro, a suplementação de fêmeas suínas com os probióticos melhorou a qualidade do colostro com aumento de 3,13% nos sólidos solúveis totais (p<0,10), conforme observado na tabela 1.
Tabela 1. Teor de sólidos solúveis totais do colostro e do leite (%) comparados à suplementação de fêmeas suínas com Probiótico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis) vs Controle, sem probiótico durante a gestação e lactação.
Teor de Sólidos Solúveis Totais (SST) | Tratamentos* | Valor de p | |
Controle | Probiótico(Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis) | ||
Colostro (Pós-parto, %) | 21.81 | 24.94* | 0.091 |
Leite (7 dias pós-parto, %) | 12.83 | 13.90 | 0.310 |
Leite (14 dias pós-parto, %) | 11.17 | 12.55 | 0.402 |
** P < 0,10 diferença estatisticamente significativa
Os sólidos solúveis totais (SST) são uma medida da quantidade de sólidos dissolvidos no colostro e leite, incluindo açúcares, proteínas, gorduras e sais minerais. O SST do colostro é um indicador importante da qualidade nutricional e imunológica do colostro, e concentrações mais altas de SST geralmente estão associadas a melhores resultados de saúde para os leitões.
Conforme resultados obtidos a suplementação com Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis demostrou ser uma ferramenta capaz de minimizar os impactos do estresse fisiológico e ambiental no período de gestação e parto, promovendo melhora na saúde das fêmeas suínas, com produção de colostro de melhor qualidade e leitegadas com maior vitalidade para consumo de maior quantidade de colostro.