O consumo de crédito da população agro subiu de R$ 348 bilhões para R$ 386 bilhões de outubro de 2022 a setembro de 2023, um aumento de 11% na comparação com o mesmo período anterior. Já as negativações do setor somaram 3,1 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 4% na comparação com o período de julho a setembro de 2022, com uma dívida total de R$ 26,6 bilhões.
O percentual de inadimplentes no último trimestre, no entanto, é o menor do ano: 6,7% ante o 7,3% de janeiro a março e o 7,7% de abril a junho, que é o maior desde o último trimestre de 2020.
Esses dados integram o Boletim do Agro, elaborado pela Serasa Experian, instituição de 55 anos que começou a analisar os riscos de crédito no setor agro em 2021 com base em dados disponibilizados pelo mercado, especialmente o Cadastro Positivo.
Segundo o boletim, o score médio da população agro, ferramenta de análise de crédito que prevê a possibilidade de um CPF se tornar inadimplente, aponta atualmente 653 (quanto mais perto de 1.000, menor a probabilidade de inadimplência), com 3,3% de probabilidade de inadimplência. O número, diz o Serasa, é considerado bom pelo mercado e pode variar num curto espaço de tempo.
Um dado que chama a atenção, segundo o head de agronegócios da Serasa, Marcelo Pimenta, é que quanto mais velha a população agro maior é o score, ou seja, os mais idosos são melhores pagadores. Assim, o score de quem tem mais de 80 anos é de 809, enquanto os jovens, de 18 a 29, têm o menor score: 586.
Na estratificação por tamanho de propriedade, os produtores rurais de menor porte possuem o maior score seguido pelos pequenos e depois os grandes. Os arrendatários são os mais inadimplentes. Pimenta explica que esse grupo foi o mais pressionado pelo aumento de custos de produção gerado pela pandemia e guerra no leste europeu e a queda das margens de lucro, já que também tem que pagar pelo arrendamento da terra.
O valor médio dos contratos do agro é de R$ 235 mil. Do total de R$ 63,7 bilhões de crédito contratado no terceiro trimestre deste ano, o maior montante é dos produtores da região sul, com R$ 25 bilhões e 175 mil contratos. Já o Centro-Oeste tem a maior média por contrato, com R$ 602 mil. No quesito duração, seis em cada dez contratos de crédito têm curta duração. A região Nordeste foge da média, com 67% dos contratos de longa duração.
A maioria das negativações está no Nordeste, com 453 mil, e o montante da dívida é de R$ 3,3 bilhões. Já a região Sul lidera no valor da dívida: R$ 7,3 bilhões, com 229 mil negativações.