Toledo, município do Oeste do Paraná, pretende investir na implantação de um porto multimodal para atuar junto à linha férrea da Nova Ferroeste, que passará pela região. O projeto, que deve ser viabilizado com investimentos do setor privado, ainda está em discussão.
A Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit), está à frente do movimento que, junto com outras entidades, busca tirar do papel a iniciativa considerada audaciosa para a região.
Cristiano Dall´Oglio da Rocha, presidente da entidade, recebeu a reportagem do Caminhos da Safra neste domingo (26/05). Em visita à área que está sendo cotada para receber a instalação do novo terminal – próxima à saída para Assis Chateaubriand (PR), a poucos quilômetros do futuro trilho da Nova Ferroeste -, Rocha comentou que o projeto viabiliza desenvolvimento econômico na região, em especial para cooperativas, agroindústrias e indústrias instaladas na área.
Produção
Com o maior Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) do Paraná há dez anos, Toledo se destaca no Estado no segmento de proteína animal. O VBP do município, em 2022, foi de quase R$ 4,3 bilhões, impulsionado pelas cadeias produtivas da suinocultura e da avicultura, com movimentação, respectivamente, de R$ 1,75 bilhão (40,08% do total) e R$ 1,3 bilhão (29,86%).
Principais componentes da ração para frangos e porcos, os grãos também se sobressaem, com 69.201 toneladas de soja faturadas por R$ 196,5 milhões (4,5%) e 579 mil toneladas de milho comercializadas por R$ 509,1 milhões (11,65%).
Esses números têm validado o projeto do pátio de movimentação para a linha férrea junto ao setor produtivo, uma vez que o município é o maior consumidor da região de soja e milho, grãos utilizados na produção de ração animal.
“Estamos numa região estratégica e, com o porto multimodal, teremos valor agregado à nossa produção e ao nosso potencial agrícola”, enfatiza Cristiano.
Ele observa que a presença de oito cooperativas agrícolas na região torna viável a efetivação do projeto e acredita que cada participante do projeto deve investir em torno de R$ 50 milhões para construir a infraestrutura necessária no novo terminal.
Para essas empresas operarem no local, elas deverão investir em armazéns, silos e hub de conexão do terminal ao trilho da linha férrea. Entre as cooperativas agrícolas presentes na região estão a Coamo, Coopavel, C. Vale, Frimesa, Copagril, Cotriguaçu e Primato.
Por outro lado, Rocha adverte que alguns pontos ainda serão avaliados, como a capacidade do Porto de Paranaguá em receber volumes maiores por meio do terminal ferroviário.
“Todo esse modal novo será atrelado ao porto”, aponta. O projeto ainda não tem valor total aproximado, mas somente a área que está em vista, de 120 alqueires, tem um custo estimado de R$ 40 milhões. As ações têm acompanhamento da assessoria técnica do governo do Estado.
Nova Ferroeste
A Nova Ferroeste vai conectar o Porto de Paranaguá, no Paraná, a Maracaju, no Mato Grosso do Sul. O projeto deverá ser levado a leilão na Bolsa de Valores em 2025. O prazo para construção e exploração da ferrovia pela empresa ou consórcio vencedor será de 99 anos.
A infraestrutura foi pensada para ampliar e modernizar a atual Ferroeste, entre Cascavel e Guarapuava. Com extensão de 1.567 km de trilhos, a nova malha ferroviária deve ajudar no desenvolvimento econômico dos três estados envolvidos, além do Paraguai e Argentina.
Com investimento total estimado em R$ 35,8 bilhões, a iniciativa tem como base a viabilização de fretes mais baratos e grande capacidade de carga oferecida pelas ferrovias, que também são menos poluentes que o modal rodoviário.