Embora a Influenza em Suínos (IAV) não seja um vírus novo, controlar a doença no campo tem se tornado cada vez mais desafiador. Combatê-la exige uma abordagem abrangente que englobe animais, pessoas e o meio ambiente. O cenário da doença no mundo e estratégias para minimizar os impactos foram apresentados pela doutora em Virologia de Suínos, Danielle Gava, em sua palestra no 16° Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS). A explanação ocorreu no segundo dia de evento, nessa quarta-feira (14).
Primeiramente, segundo a especialista, é essencial identificar se a causa do problema é realmente a influenza, confirmando com um resultado positivo. Durante um eventual surto, existem medidas paliativas para reduzir o impacto, mas, infelizmente, não há métodos para erradicar o surto imediatamente. A Dra. Danielle apontou que no caso de humanos, antivirais são frequentemente usados, mas para suínos, essa prática não é comum devido ao custo, utilizando nos planteis anti-inflamatórios e antipiréticos e, em alguns casos, o uso de antivirais para animais de maior valor. “É importante combinar esses tratamentos com boas práticas de manejo. Não há uma solução mágica, mas a eficácia do controle depende da aplicação contínua e do comprometimento de todos os envolvidos”.
Além disso, é vital que todos os trabalhadores envolvidos com suínos estejam vacinados contra a influenza, incluindo funcionários da granja e carregadores de caminhões. “A influenza é uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida entre humanos e suínos. Na prática, humanos, frequentemente, transmitem o vírus para os suínos, mais do que o contrário. Portanto, é importante que os humanos estejam protegidos e evitem o contato com suínos caso estejam infectados, usando equipamentos de proteção para minimizar a transmissão”, afirmou a Dra. Danielle.
Durante a explanação foram apresentadas informações para nivelar o conhecimento sobre pontos importantes relacionados à influenza, especialmente na tomada de decisões no campo. Os tipos de influenza em circulação e as peculiaridades desses vírus foram expostos pela palestrante como dados cruciais nesse sentido. “Observa-se que, em alguns períodos, os vírus que circularam no Brasil diferiam dos encontrados em outros países, como as diversidades genéticas H1A, H1B e H3, indicando uma circulação geograficamente restrita. Isso ressalta a importância da vacinação direcionada à realidade local. Esse monitoramento é essencial para conhecer o que está circulando dentro do plantel”.
Dra. Danielle também apontou a necessidade de contenção da transmissão entre granjas, assim como a complexidade adicional causada pela presença de outros agentes infecciosos ou de mais de um subtipo de IAV, que podem exacerbar a gravidade da doença.
As medidas preventivas mais eficazes contra a Influenza em granjas suínas incluem, segundo a especialista, o monitoramento dos IAV circulantes nas granjas (específicos de cada região/país), cuidado com medidas de biosseguridade nas granjas, o uso de vacinas IAV em suínos e a vacinação anual IAV de todas as pessoas que entram em contato com suínos, desde veterinários, suinocultores e motoristas que transportam os animais.
ESTRATÉGIAS PARA MANTER UM EQUILÍBRIO
As infecções causadas por Mycoplasma hyopneumoniae são de grande importância na produção suína em todo o mundo. O Mycoplasma não é apenas um patógeno que causa infecções endêmicas nos rebanhos, mas também desempenha um papel crucial no desenvolvimento do Complexo Respiratório Suíno quando combinado em coinfecção com outros vírus e bactérias. Para restabelecer a saúde respiratória, o controle das infecções por esse agente deve ser abrangente. Métodos de controle foram explanados pela médica veterinária, Dra. Maria Pieters.
A especialista em sanidade suína revelou que atualmente existem diversos métodos para o controle do Mycoplasma e que esses variam em suas abordagens, porém mantém como objetivo final criar estabilidade nos rebanhos e prevenir a propagação do agente e o desenvolvimento da doença. “Os produtores de suínos e os veterinários de campo têm diferentes opções à sua disposição para enfrentar o problema e controlá-lo, parcial ou totalmente. As últimas duas décadas serviram para gerar informação científica que permitiu a aplicação de estratégias de controle desse agente em grandes sistemas de produção de suínos. Hoje, o controle e a erradicação do Mycoplasma são realidades completamente possíveis”, explanou. Essa possibilidade foi ressaltada na palestra, onde Maria reiterou que embora não seja uma tarefa fácil e haja muitas realidades a considerar, existe uma abundância de informações que podem ser aplicadas a diferentes situações.
“Cada granja é única e os profissionais devem estar atentos a isto. Se tivermos uma visão mais clara desse agente, se o entendermos, sabermos como o diagnosticar, sua epidemiologia e como detectar a sua infecção nos animais, isso nos ajuda a tomar decisões de controle na granja”. Dra. Maria explicou que existem diferentes formas de buscar a erradicação, as técnicas mais comuns são as de despopulação, fazendo a eliminação de todos os animais da granja, o método suíço de despovoamento parcial e o tratamento dos leitões e das fêmeas, com medicação específica, para controle e minimização da doença.
A especialista finalizou sua apresentação expondo que na América do Norte muitas pessoas estão alcançando resultados positivos com a erradicação, deixando um desafio para os participantes do Simpósio pensarem em um futuro com os animais mais saudáveis e buscá-lo por meio desse caminho.
16º SBSS
O Simpósio Brasil Sul de Suinocultura iniciou na terça-feira (13) e segue até quinta-feira (15), em Chapecó (SC). O evento, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), reúne médicos veterinários, zootecnistas, consultores, pesquisadores, profissionais da agroindústria e produtores rurais.
Paralelamente à programação técnico-científica, o evento ainda conta com a 15ª Brasil Sul Pig Fair, feira que reúne empresas de tecnologia, sanidade, nutrição, genética, aditivos e equipamentos para suinocultura. Além da Granja do Futuro, espaço que simula uma granja com os principais equipamentos necessários para a produção de suínos, destacando tecnologia e inovação.
APOIO
O 16º SBSS tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV-SC), da Embrapa Suínos e Aves, da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).
Programação Científica do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura
Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes
Chapecó (SC)
Quinta-feira (15/08/2024)
Painel Biosseguridade
8h00 às 8h40 – Biossegurança em fábricas de rações: principais eventos de risco de contaminação do alimento às granjas
Palestrante: Gustavo Simão
8h45 às 9h25 – Conhecendo o inimigo: como garantir a segurança da granja com relação a roedores
Palestrante: Isis Pasian
9h25 às 9h45 – Questionamentos
9h45 às 10h05 – Coffe-break
Painel Manejo da Produção
10h10 às 11h45 – Perdas ao abate: oportunidades no campo e abatedouro
10h10 às 10h35 – Qual o papel do abatedouro como cliente do sistema de produção? Uma visão holística
Palestrante: Jalusa Deon Kich
10h35 às 11h45 – Debatedores:
- Marisete Cerutti
- Augusto Queluz
- Sérgio Carvalho
- Mônica Santi
- Ricardo José Buosi
11h45 às 12h00 – Questionamentos
12h05 – Sorteios e encerramento