Após duas décadas de queda contínua, o setor suíno francês dá indícios de recuperação, embora de forma modesta. Em setembro, o país registrou o abate de 1,863 milhão de suínos, apenas 0,3% abaixo do mesmo período do ano passado. Segundo o escritório estatístico Agreste, “os números de abate de suínos permanecem praticamente estáveis em comparação ao ano anterior”.
Nos primeiros três trimestres deste ano, foram abatidos pouco mais de 16,4 milhões de animais, uma redução de apenas 0,2% em relação ao mesmo período de 2023. Ainda assim, a variação mensal é considerável, com aumento no abate em cinco dos últimos nove meses.
Números menos negativos
Os dados recentes mostram um cenário menos desfavorável do que nos anos anteriores. Em 2023, o total de suínos abatidos foi de 22 milhões, registrando um declínio de 5% em relação ao ano anterior, conforme análise do Agreste. “Essa queda acompanha a redução observada em outros países europeus”, explicou a organização. A redução em 2023 foi maior que a de 2022, quando a produção suína francesa diminuiu 2,2%. Em cada mês de 2023, os abates ficaram abaixo da média dos anos de 2018 a 2022.
Entre 2003 e 2023, a produção de suínos na França teve uma queda média anual de 0,8%, de acordo com o Agreste. O relatório aponta que o declínio significativo registrado em 2023 reforça a tendência de longo prazo de redução do número de suínos no país. Em 2003, o rebanho suíno francês somava cerca de 1,325 milhão de cabeças, número que caiu para aproximadamente 852 mil em 2023, uma diminuição de 470 mil cabeças, ou pouco mais de 35%.
Aumento do peso médio das carcaças
Um aspecto positivo foi o aumento do peso médio das carcaças em 6 quilos nas últimas duas décadas, passando de 87,9 quilos para 93,9 quilos. Esse aumento se deve ao maior tempo de engorda e ao desenvolvimento de novas técnicas de criação, segundo o Agreste. Na França, os suínos mais pesados ajudam a compensar parte da queda no número de animais ao longo dos últimos 20 anos.
Redução da autossuficiência
A redução no rebanho e nos abates tem impactado a autossuficiência em carne suína, que agora dificilmente cobre a demanda interna. Entre 2020 e 2022, a autossuficiência caiu de 107,3% para cerca de 100%, com o primeiro semestre de 2024 mantendo-se em nível similar.
Queda nas exportações
A consequência disso é uma redução das exportações de carne suína e produtos derivados. Em agosto deste ano, a França exportou 44.500 toneladas, uma queda de 10,5% em relação ao ano anterior e 12,7% abaixo da média dos últimos cinco anos. Em contrapartida, as importações francesas foram de 46.900 toneladas, 5,6% abaixo de agosto de 2023 e 3,1% inferior à média de cinco anos. Assim, a balança comercial de carne suína apresentou um déficit de 2.400 toneladas em agosto, o que representa um desafio para o setor, que historicamente valoriza a produção local.