Repetindo o relato de meses mais recentes, o IBGE mostrou ontem (26) que a alta no IPCA-15 de novembro corrente foi influenciada novamente pelas carnes. Assim, frente a uma variação mensal de 0,62% no IPCA-15, a do frango em pedaços foi três vezes maior (3,11%) e a da carne bovina 12 vezes maior (7,54%).
Como sempre ocorre nessas ocasiões, as carnes logo serão taxadas de vilãs da inflação. Independente disso, porém, dois fatos precisam ser considerados.
O primeiro é que as altas registradas no segundo semestre são reflexo, apenas e exclusivamente, da sazonalidade, ou seja, decorrem de um período marcado naturalmente pela menor oferta de bois, o que eleva seus preços. E aonde o boi vai, frango e suíno vão atrás.
O segundo fato é que as altas mais recentes apenas repõem – por enquanto, parcialmente – as perdas enfrentadas na primeira metade do ano.
O gráfico abaixo deixa isso bem claro. A curva em azul mostra a evolução relativa de preços do boi, frango e suíno entre 2005 e 2023, tendo por base o preço médio do ano anterior, igualado em 100. Na média desse período, o ano foi iniciado com um preço cerca de 6% superior à média registrada no exercício anterior e encerrado com uma valorização em torno de 18%. O pico, na maior parte desses 19 anos, ocorreu em novembro (valorização próxima de 20%).
Pois em 2024, durante todo o primeiro semestre, os preços obtidos pelas carnes tiveram desempenho aquém da média sazonal. Deveriam alcançar valor 2,8% superior à média do ano anterior, mas tiveram valorização negativa (-0,4%).
Vêm compensando essa perda no segundo semestre, pois, frente ao preço médio 12,5% superior à média do ano anterior pela curva sazonal, alcança, por ora, valor 115,2% maior – uma diferença a mais de 2,7 pontos percentuais.
Isto, no entanto, não significa que as perdas do primeiro semestre já tenham sido inteiramente repostas. Porque, nestes primeiros 11 meses de 2023 (dados parciais para novembro corrente), o preço das carnes se encontra 6,6% acima da média de 2023. Pela média sazonal, esse ganho deveria ser 7,23%.
Em outras palavras, ainda que os preços mais recentes estejam fora da curva, registram evolução meio por cento inferior à apontada pelo comportamento sazonal de preços.