Cenário deixa milho dos EUA mais competitivo e pode atrapalhar exportações brasileiras.
A última terça-feira (8) chegou ao final com os preços internacionais do milho futuro acumulando uma nova rodada de movimentações negativas na Bolsa de Chicago (CBOT).
A análise da Royal Rural destaca que a barreira dos US$ 4,00 por bushel foi rompida ao longo do pregão de hoje com uma forte pressão vinda de estoques maiores que o esperado nos Estados Unidos, avanço rápido da colheita e clima favorável.
“A queda ganhou força com a abertura em gap de baixa, acionando vendas técnicas em sequência. Mesmo com exportações semanais em alta, o cenário de oferta abundante pesou mais”, acrescenta a consultoria.
Outro ponto destacado pelos analistas da Royal Rural foi a desvalorização do trigo, que favorecido por boas condições na Rússia e cortes de impostos aumentou a pressão sobre o milho ao estimular a substituição nas formulações de rações.
Na opinião da consultoria, esse cenário já liga o alerta também para o mercado brasileiro, especialmente se o dólar seguir neutro. “A perda do piso dos US$ 4,00 pode forçar uma nova rodada de reprecificação da paridade”.
Por fim, a análise ainda aponta que as quedas de preços em Chicago também refletem a briga tarifária de Donald Trump, com parte dos seus maiores compradores.
O vencimento julho/25 foi cotado à US$ 4,11 com desvalorização de 7 pontos, o setembro/25 valeu US$ 3,98 com baixa de 5,50 pontos, o dezembro/25 foi negociado por US$ 4,14 com perda de 6,50 pontos e o março/26 teve valor de US$ 4,30 com queda de 6,50 pontos.
Esses índices representaram baixas, com relação ao fechamento da última segunda-feira (07), de 1,67% para o julho/25, de 1,36% para o setembro/25, de 1,54% para o dezembro/25 e de 1,49% para o março/26.
Mercado brasileiro
Já na Bolsa Brasileira (B3), a terça-feira representou movimentações levemente positivas ao longo deste pregão.
A análise da Agrinvest destaca que os futuros subiram na B3 enquanto os preços do mercado físico seguiram perto da estabilidade.
Os analistas apontam ainda um alerta para o programa brasileiro de exportação de milho, que pode continuar sendo lento diante de um milho norte-americano mais competitivo neste momento. “A colheita está começando a ganhar força e essa maior movimentação de grãos está mantendo o preço dos fretes elevado. Isso tem tornado o custo de originação elevado, reduzindo a competitividade do Brasil na exportação”.
As informações da análise semanal da Grão Direto também vão em linha, apontando a preocupação existente diante de preços de frete bastante elevados pelo Brasil e margens muito apertadas, ficando até mesmo negativa em algumas regiões.
“Na última semana, os custos de frete atingiram nova máxima e não há sinal de recuo. Com a colheita da segunda safra de milho avançando e gerando grandes volumes de oferta, a lei da oferta e da demanda continua pressionando o preço do grão. Ao mesmo tempo, a capacidade de armazenagem limitada tende a manter ou até aumentar ainda mais o valor dos fretes na próxima semana, pressionando as margens do produtor. Em muitas regiões do Centro-Oeste os valores atuais do milho já estão operando com margens negativas para os produtores”, dizem os analistas da Grão Direto.