Orientador: Márvio Lobão Teixeira de Abreu
A alimentação é o principal custo na suinocultura, representando até 70% do total em algumas propriedades (Embrapa, 2020). Isso incentiva o uso de ingredientes alternativos que reduzam despesas sem comprometer o desempenho produtivo. Os grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS) são coprodutos da produção de etanol a partir do milho e surgem como opção para substituir parte do milho e do farelo de soja (Lima et al., 2016; Stuani et al., 2016). Além de reduzir custos, os DDGS aproveitam resíduos agroindustriais, contribuindo para a sustentabilidade (Corassa et al., 2018).
Produção e variabilidade dos DDGS
Durante o processo de produção de etanol o amido é fermentado por leveduras e convertido em etanol e dióxido de carbono. O resíduo sólido é desidratado e misturado com solúveis, formando os DDGS, ricos em proteína, energia e fibra (Lima et al., 2016; Corassa et al., 2018). Desse modo, para cada tonelada de milho processada, obtêm-se aproximadamente 400 litros de etanol, 320 kg de CO₂ e 320 kg de DDGS. Cerca de um terço do grão retorna como coproduto aproveitável na alimentação animal (Lima et al., 2016). No entanto, a composição do DDGS varia com o tipo de milho, tecnologia da usina e proporção de solúveis adicionados. Essa variabilidade afeta proteína, energia e fibra, podendo alterar a digestibilidade e a palatabilidade. Por isso, é importante analisar a qualidade do produto antes da inclusão nas dietas (Corassa et al., 2018).
Composição nutricional
O DDGS é concentrado em proteína (27–32% na matéria seca), energia e fósforo disponível, características importantes para a formulação de dietas suínas (Lima et al., 2016; Stuani et al., 2016). Possui energia metabolizável de 3.300 a 3.700 kcal/kg, dependendo do teor de óleo presente. O fósforo disponível pode chegar a 0,45%, reduzindo a necessidade de suplementação com fosfato bicálcico (Cozannet et al., 2010; Silva et al., 2016). Por outro lado, o teor de cálcio é baixo, e a fibra (FDN acima de 35%) limita a digestibilidade, principalmente em leitões (Lima et al., 2016; Stuani et al., 2016). Além disso, os aminoácidos essenciais apresentam menor digestibilidade em função de danos térmicos na secagem. Por isso, recomenda-se suplementação com aminoácidos sintéticos (Stein et al., 2006; Corassa et al., 2018).
Níveis de inclusão e desempenho
Em suínos em crescimento e terminação, pode-se incluir até 20% de DDGS sem afetar ganho de peso ou conversão alimentar (Corassa et al., 2018; Silva et al., 2016), podendo alcançar níveis de até 30% se a dieta for bem balanceada (Stuani et al., 2016). Enquanto isso, para leitões na fase de creche, recomenda-se uma inclusão abaixo de 10% devido à baixa digestão de fibras. De acordo com desafios na inclusão desse ingrediente, para atenuar os efeitos negativos da fibra e elevar a digestibilidade da energia e proteína, o uso de enzimas como xilanases e proteases pode ser uma solução, auxiliando na digestibilidade da dieta e permitindo maior inclusão de DDGS (Corassa et al., 2018; Silva et al., 2016).
Vantagens e limitações
Nesse sentido, a principal vantagem do uso de DDGS é reduzir custos com milho e farelo de soja. Seu alto teor de fósforo disponível também permite a redução do uso de fosfatos inorgânicos e a excreção de fósforo no ambiente (Cozannet et al., 2010; Corassa et al., 2018). Em contrapartida, as principais limitações são a variabilidade na composição entre lotes e o alto teor de fibra, podendo reduzir a digestibilidade em altas inclusões (Lima et al., 2016). E também os danos térmicos, que podem comprometer a digestibilidade da lisina, exigindo correções com aminoácidos sintéticos (Stein et al., 2006; Corassa et al., 2018).
Considerações finais
Dito isso, o DDGS é uma alternativa viável para reduzir custos e promover sustentabilidade na suinocultura. Quando utilizado de forma criteriosa, pode substituir parcialmente milho e farelo de soja sem comprometer o desempenho. Além disso, a inclusão de 20% para suínos em crescimento e terminação mantém os índices produtivos, e o uso de enzimas pode ampliar a inclusão desse ingrediente. Ademais, análises laboratoriais e ajustes na formulação são essenciais para garantir eficiência e segurança no uso do DDGS.
Referências bibliográficas
CORASSA, A., TON, A. P. S., MOURA, M. S. de, BAUMGARTEN, J. M., GOMES, J. D. F., SILVA, J. B. da. Uso de DDGS de milho para suínos: uma breve revisão. Scientia Agraria Paranaensis, Marechal Cândido Rondon, v. 17, n. 2, p. 157–164, abr./jun. 2018.
COZANNET, P.; PRIMOT, Y.; GANDY, C. et al. Energy value of wheat distillers grains with solubles for growing pigs and adult sows. Journal of Animal Science, v.88, p.2382- 2392, 2010.
EMBRAPA. Suinocultura de precisão: custos de produção. 2020. Disponível em: https://www.embrapa.br/suinos-e-aves. Acesso em: 4 ago. 2025.
LIMA, R. A. da C.; FERNANDES, A. S.; FERREIRA, A. S.; ALMEIDA, F. A. de. Grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS) na alimentação de suínos: revisão. Brazilian Journal of Animal Science and Technology, v. 7, n. 3, p. 1–13, 2018.
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STEIN H. H., GIBSON M. L., PEDERSEN C., BOERSMA M. G. . Amino acid and energy digestibility in ten samples of distillers’ dried grains with solubles fed to growing pigs. Journal of Animal Science, Champaign v. 84, p. 853–860, 2006.
STUANI, J. L.; CORASSA, A.; SILVA, I. P. A. da. Caracterização nutricional e uso de DDGS em dietas para suínos em crescimento e terminação – Abordagem analítica. Nativa, Sinop, v. 4, n. 2, p. 116–120, mar./abr. 2016.