As exportações brasileiras de carne suína in natura vinham, até junho/25, mês a mês, superando significativamente os embarques, quando comparadas com o mesmo período de 2024. Em julho/25, pela primeira vês no ano, houve uma retração em relação ao ano passado, que não se sustentou em agosto (tabela 1). Apesar deste recuo, no acumulado do ano (de janeiro a agosto/25) são quase 13% (96,7 mil toneladas) a mais do que 2024. Na parcial de setembro/25, com dados de embarque até dia 12, já foram exportadas 63,4 mil toneladas de carne suína brasileira in natura, um aumento de 23,6% no volume diário quando comparado com setembro de 2024, indicando que, muito provavelmente, este mês se atinja novo recorde mensal de exportações, se aproximando de 130 mil toneladas.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Filipinas continuam liderando as nossas exportações e a China, embora no acumulado do ano ainda ocupe a segunda posição (tabela 2), vem diminuindo suas compras significativamente, sendo que, no mês de agosto/25 (tabela 3), China e Hong Kong, somados, não chegam a metade do volume embarcado para as Filipinas.

Ordem dos países estabelecida sobre volumes de 2025.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Conforme demonstra a tabela 4, a seguir, o crescimento das exportações de carne brasileira em 2025 não se restringe a proteína suína. A carne bovina vem superando com sobras os volumes do ano passado, sendo que agosto/25, apesar do “tarifaço” dos Estado Unidos, foi o segundo melhor mês em volume exportado da história, com mais de 268 mil toneladas in natura embarcadas, mesmo com o baixo volume importado pelos EUA (pouco mais de 6 mil toneladas), um recuo de mais de 50% em relação ao mês anterior.
Por outro lado, a avicultura brasileira, que vinha de um primeiro quadrimestre de crescimento expressivo das exportações em relação ao mesmo período de 2024, com o foco de Influenza aviária no Rio Grande do Sul, notificado na primeira quinzena de maio, experimentou uma redução bastante significativa nos embarques entre maio e julho. Porém, ao longo de julho e agosto, os países importadores foram aos poucos retirando suas restrições às compras da carne de frango brasileira. Entre os países que retiraram suas restrições estão: Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Filipinas, México, Coreia do Sul e, mais recentemente, a União Europeia. Segundo o Mbagro, cerca de 13% do volume mensal que o Brasil exportaria em circunstâncias normais ainda está suspenso, como as exportações para a China, as quais representavam 12% do mercado externo brasileiro de carne de frango. Apesar desta queda das exportações de frango, as três carnes somadas, acumulam, entre janeiro e agosto/25, um aumento de pouco mais de 5% (280 mil toneladas), comparado com o mesmo período do ano passado.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Analisando estes dados de exportação das três proteínas e ponderando a disponibilidade interna, a redução dos embarques de frango foi mais que compensada pelo incremento das exportações de carne bovina e suína. Neste contexto, com a recuperação gradativa dos volumes normais de embarque de carne de aves em agosto e que, na parcial de setembro (até dia 12) se mantém, as cotações das carcaças de frango resfriado que despencaram em junho/25 no atacado de São Paulo (gráfico 1), apresentam significativa recuperação em setembro, com destaque para os últimos dias (gráfico 2), após a reabertura da União Europeia.

Média de setembro até dia 16/09/2025.
Fonte: CEPEA

Fonte: CEPEA
A carne bovina, que vem superando os volumes embarcados em quase 15% em relação ao ano passado, também com crescimento no abate, depois de experimentar uma queda nas cotações da carcaça em julho, voltou a subir em agosto e mantém o viés de alta em setembro, após superar a ameaça do “tarifaço” (gráfico 3). Destaca-se que o IBGE, na publicação dos dados de abate definitivos do segundo trimestre de 2025, mostrou que neste período, pela primeira vez na série histórica, o abate de fêmeas superou o de machos. Tudo indica que a virada de ciclo se aproxima, com redução gradativa de oferta de bois para abate e demanda aquecida nos mercados doméstico e externo, o que deve manter as cotações firmes para o restante do ano.
Como demonstram os gráficos 4 e 5, a seguir, as cotações da carne suína (vivo e carcaça) também recuaram nos meses de junho e julho, mas apresentam recuperação em agosto e setembro, mostrando que a dinâmica de mercado da carne suína daqui para frente deve se basear predominantemente na oferta e demando dela mesma, sendo que o as cadeias de frango e boi que, como vimos anteriormente, estão em viés de alta, devem ajudar a manter a carne suína competitiva, mesmo com as cotações elevadas.

Fonte: CEPEA

Fonte: CEPEA
O IBGE divulgou os números definitivos de abate do segundo trimestre de 2025 e os dados de abate por estado no primeiro semestre, com destaque para alta do Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, quando comparado com o mesmo período do ano passado (tabela 5).

Ranking estabelecido sobre toneladas de carcaças em 2025
Elaborado por Iuri P Machado sobre dados definitivos do IBGE
Com início do plantio da safra verão brasileira e da colheita da safra americana expectativas de boa oferta de insumos se mantém
A Conab divulgou a última revisão da safra 2024/2025 com acréscimo de quase 3 milhões de toneladas de milho, em relação ao levantamento anterior, totalizando 139,7 milhões de toneladas no somatório das três safras nacionais do período 2024/25, lembrando que a segunda safra (safrinha) praticamente já foi colhida e o plantio da safra verão (2025/26) de milho e soja já iniciou no Brasil.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório publicado dia 12, elevou as estimativas para a produção de soja e milho no país, cuja colheita inicia nas próximas semanas. O USDA estimou a safra de soja em 117,07 milhões de toneladas, ante os 116,82 milhões de toneladas projetados no mês anterior. Para o milho, o USDA aumentou sua projeção de 425,25 milhões para impressionantes 427,08 milhões de toneladas.
Mesmo com boa oferta no Brasil e com a expectativa de safra recorde norte-americana, as cotações do milho no mercado doméstico têm subido de forma paulatina e consistente nas últimas semanas (gráfico 6), indicando que os menores preços ficaram para trás.

Fonte: Cepea
O farelo de soja também experimentou pequena alta na maioria das praças brasileiras. Como as cotações do suíno tiveram ganho consistente, mesmo com a alta dos principais insumos, a relação de troca permanece bastante favorável (gráfico 7).

Composição do MIX: para cada quilograma de MIX, 740g de milho e 260g de farelo de soja.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados do CEPEA – preços estado de São Paulo
Considerações finais
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que aos poucos o mercado de exportação de frango vai voltando ao patamar de antes da ocorrência de Influenza aviária no RS, o que contribui para a recuperação de preços desta carne. “Isto, aliado aos sucessivos recordes mensais de exportação de carne bovina e suína, mantém as proteínas animais brasileiras com bom horizonte, principalmente porque o fim de ano se aproxima com o tradicional aumento da demanda sazonal”. Ele conclui dizendo que a relativa estabilidade no abastecimento e cotações dos principais insumos deixam o setor suinícola otimista para os próximos meses.