A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão responsável por coordenar as atividades de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, passará a contar, a partir de 2023, com seu próprio ecossistema de inovação. Em chamamento público realizado em 2022, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) venceu a concorrência para ser a OSC responsável pela execução do projeto, no qual estão previstas as criações de 6 ambientes promotores de inovação, sendo três na cidade de Campinas, um em São Paulo, um em Santos e um em Ribeirão P reto, e um Escritório de Negócios Tecnológicos, em Campinas. A APTA busca, com isso, integrar ainda mais as atividades de seus seis Institutos de Pesquisa – Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e Instituto de Zootecnia (IZ) – e 18 Unidades da APTA Regional, além de estimular a relação com a iniciativa privada, promovendo a cultura de inovação, acelerando processos inovadores e ampliando a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio paulista e nacional. Para isso, os conhecimentos e tecnologias gerados pela pesquisa científica e tecnológica dos Institutos e APTA Regional deverão estar associados a projetos e programas inovadores junto a empreendedores e empresas.
“Desde o início de meu período à frente da APTA, defendo que transferência do conhecimento e aplicação das tecnologias têm que deixar de ser apenas mais uma ação dos nossos Institutos para estar de fato em seu cerne, ao lado de fazer pesquisa”, enfatiza o coordenador da APTA, Sergio Tutui. Ele defende que, para que a Agência siga constantemente relevante para o agro e a sociedade, esse processo é essencial. “A perenidade da APTA passa por isso, não só por sua excelência em pesquisa, mas pelos valores que ela entrega para a sociedade. A ideia do Ecossistema de Inovação é ter um ambiente em que os Institutos trabalhem de uma forma conjugada, compartilhando suas expertises para entregar de forma integrada suas soluções que fomentem a inovação”, diz.
No âmbito do projeto, conforme especificado no edital de chamamento, caberá à Cietec uma gama de objetivos específicos, como gerenciar as atividades realizadas nos ambientes de inovação; realizar eventos de mobilização do Ecossistema de Inovação; atuar na formação e capacitação da comunidade do Ecos sistema de Inovação no uso de ferramentas ágeis, temáticas de inovação e empreendedorismo; prospectar demandas junto ao setor produtivo do agronegócio; auxiliar na captação de recursos financeiros; apoiar iniciativas de inovação para startups e negócios, entre diversos outros pontos voltados a fazer com que o conhecimento produzido nas instituições de pesquisa chegue à sociedade.
A líder do laboratório de inovação da APTA, Ana Eugênia de Carvalho Campos, que também é diretora-geral do IB, acredita que trazer as startups para dentro dos Institutos ampliará o alcance de toda pesquisa hoje realizada. “Chegam pessoas diferentes, com ideias diferentes, que podem usar as expertises dos nossos pesquisadores para levar soluções que talvez nós não levaríamos se não tivéssemos essas startups em nossos ambientes. É uma via de mão dupla”, aponta Ana Eugênia.
A d iretora-geral do IB realça ainda a importância de se ter o respaldo do poder público, o que, afirma, é característica presente nas iniciativas de maior sucesso dentre os ecossistemas internacionais de inovação. “Os países que têm muito bem estabelecidos os ecossistemas de inovação foram provocados pelo próprio Governo. Então, é importantíssimo o que chamamos comumente de tríplice-hélice, em que se tem o Governo, a academia e a iniciativa privada”, pormenoriza. Como explana, apesar de ser um investimento grande a princípio, ao longo dos anos ele se paga. “Você faz a conexão, traz a pesquisa, leva a solução e traz para dentro do ecossistema o recurso, em forma de royalties e licenciamento, e essa engrenagem passa a funcionar sozinha”, assegura.
Estrutura
O acordo a ser firmado com a Cietec prevê a disponibilização de R$13.500.000,00 (tr eze milhões e quinhentos mil reais), para o período de 36 meses, com a possibilidade de recursos adicionais. “Nos três primeiros anos, esse recurso vem primeiro para o planejamento, pois a OSC contratada vai nos auxiliar a planejar todo nosso Ecossistema”, comenta Ana Eugênia. “A gente sabe ‘o que’ a gente precisa, mas ‘como’ vamos fazer, precisamos de gente com experiência para nos dizer”, detalha. Para ela, além da parte estrutural, o planejamento envolve uma série de ações, como diagnóstico das soluções que podem ser impulsionadas e a implantação da cultura de inovação dentro dos Institutos – o que, em sua opinião, é uma mudança muito grande para pesquisadores e demais servidores que trabalham com pesquisa.
O coordenador da APTA compartilha dessa percepção. Para ele, o desafio será justamente aprender, durante todo o processo, como implementar e gerir um Ecossistema de Inovação. “A gente não conhece nenhuma experi ência igual a que estamos propondo dentro do Governo de SP”, conta Tutui. “Estamos sendo pioneiros nesse modelo e iremos aprender em parceria como trilhar esses caminhos no dia a dia”, complementa.
De acordo com os gestores, a partir daí se passará a implementação de fato dos ambientes promotores de inovação. “Cada Instituto vai ter um ambiente desses, que é um local onde estaremos trabalhando junto com empreendedores, a iniciativa privada: incubando, validando e interagindo com eles”, relata Tutui. Conforme comenta, na APTA, por sua vez, será criado um Escritório de Negócios Tecnológicos que fará a parte seguinte, a etapa de aceleração: trazer capital, empresas, investidores e trabalhar o modelo de negócio. “Porque não basta apenas desenvolver a tecnologia, precisamos trabalhar a parte do negócio, para que isso se consolide e se transforme de fato em uma inovação”, acrescenta.
“Isso significa que aquela ideia que o pesquisador teve lá atrás, será acelerada de forma que se concretize, vá para o mercado e tenha uso”, ratifica Ana Eugênia. “O uso traz emprego, gera riqueza, recursos para o governo através de impostos, e traz soluções para os problemas da sociedade. É um processo de ganha-ganha. Por isso é um ecossistema: todo mundo se relaciona e sai ganhando”, conclui.
Assinatura do acordo na próxima terça-feira, em São Paulo
Para celebrar essa parceria de tamanha importância e reafirmar o papel central da inovação em suas atividades, a APTA realizará na próxima terça-feira, 08, o evento AgriFutura Talks: O papel da inovação no Agronegócio. O encontro reunirá, além de Ana Eugênia, a diretora-presidente da Cietec, Paula Lima, Alvaro Duarte, diretor presidente da Fundação de Desenvol vimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag). Conforme explica Tutui, o evento tem a chancela do AgriFutura, criado como uma marca ligada a fomentar a inovação no agro. “Nós já fizemos em dois momentos o AgriFutura – 2018 e 2022 – e estamos expandindo essa marca. Trabalhamos, inicialmente, com AgriFutura temáticos: o primeiro foi o AgriFutura Pescado e a ideia é colocar isso para outras cadeias produtivas. Agora estamos propondo rodas de debates e conversas, para interagir, e aí surgiu o AgriFutura Talks”, explica o coordenador. Ainda de acordo com ele, nesse primeiro encontro se pretende discutir de maneira ampla o papel da inovação no agronegócio. “O que o agronegócio é hoje e no que ele vai se transformar no futuro”, finaliza.
Durante o evento, será oficialmente firmado o acordo de colaboração entre SAA e Cietec, dando o pontapé inicial para a implementação do Ecossistema de Inovação da APTA.
Serviço
AgriFutura Talks: O papel da inovação no Agronegócio
Data: 8 de novembro, terça-feira
Horário: 14h – 16h
Local: Salão Nobre – 1º andar da sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, na capital paulista
Evento aberto e gratuito.