A Polônia quer que a União Europeia use todas as ferramentas à sua disposição para limitar a quantidade de grãos ucranianos que entram no mercado da União Europeia, declarou o primeiro-ministro nesta quarta-feira (29), respondendo à fúria dos agricultores patrícios porque as importações deprimiram os preços dos grãos poloneses
O descontentamento dos agricultores representa grande dor de cabeça para o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS) em um ano eleitoral, já que sua base de eleitores conservadores vive principalmente em áreas rurais e pequenas cidades.
“Exigimos o uso de todos os instrumentos regulatórios – cotas, tarifas, que limitarão ou bloquearão a importação de grãos ucranianos para a Polônia”, disse Mateusz Morawiecki em entrevista coletiva.
Morawiecki disse que concordou com os líderes de vários países que fazem fronteira com a Ucrânia em escrever à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para exigir ação.
A Ucrânia, um dos maiores exportadores de grãos do mundo, teve seus portos do Mar Negro bloqueados após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022 e encontrou rotas alternativas de navegação através dos estados da UE, Polônia e Romênia. Os gargalos logísticos significam que grandes quantidades de grãos ucranianos, mais baratos do que os produzidos na UE, acabaram nos estados da Europa Central, prejudicando os preços e as vendas dos agricultores locais.
A Polônia pede à Comissão Européia que empregue uma cláusula de proteção em relação às importações de grãos da Ucrânia para a Polônia, informou o ministro da Agricultura, Henryk Kowalczyk, após reunião com representantes dos agricultores na quarta-feira.
O atual regulamento – que suspende todas as restrições à importação – “prevê que tal cláusula pode ser introduzida em uma situação em que haja distúrbios de mercado”, lembrou Kowalczyk.
A Polônia encoraja a Eslováquia, Romênia, Hungria e Bulgária a dar um passo semelhante, acrescentou.
Os agricultores rejeitaram e classificaram a ajuda do governo proposta até agora como inadequada.“O dinheiro é devido para cada hectare de grãos, todas as perdas devem ser cobertas”, disse Michal Kolodziejczak, fundador do grupo Agrounia antes das negociações com o governo. “São precisos pelo menos 6 bilhões de zlotys (mais de R$7 bilhões) para cobrir essas perdas.”
O valor citado por Kolodziejczak é 10 vezes maior do que o proposto pelo programa de ajuda de 600 milhões de zlotys aprovado pela Comissão Européia na segunda-feira. Para o governo esse valor ajudará a compensar os agricultores por suas perdas.
Kowalczyk disse que uma compensação adicional de 520 milhões de zlotys está em andamento, com metade vindo de provisões de crise da UE e a outra metade do orçamento nacional, colocando a ajuda total para agricultores poloneses em 1,12 bilhão de zlotys.
A Polônia também tentaria exportar os estoques de grãos existentes para liberar espaço de armazenamento na próxima safra, disse Kowalczyk, que teve de ser escoltado para fora de uma feira agrícola na cidade central de Kielce depois de ser abordado por uma multidão de agricultores furiosos que o atacaram com ovos.