Em entrevista ao Canal Rural, ministra fala sobre a importância do agronegócio na economia do país, sustentabilidade, desburocratização do acesso ao crédito rural, armazenagem, COP 26 e eleições em 2022
O programa Canal Rural Entrevista desta terça-feira, 31, recebeu a chefe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina. No comando da pasta desde o início do governo do presidente Bolsonaro, a ministra falou sobre o crédito rural, sustentabilidade na agropecuária, inflação dos alimentos e também sobre as eleições de 2022.
Confira parte da entrevista exclusiva da ministra Tereza Cristina feita pelo diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, e pela repórter de Política em Brasília Paola Cuenca.
Canal Rural – Produção de grãos próxima de 300 milhões de toneladas. Carnes com 28 milhões de toneladas. Receita cambial com potencial para US$ 120 bilhões. Tudo isso faz com que o agronegócio tenha uma participação decisiva no PIB, respondendo por mais de 30% do total. Podemos dizer que o agronegócio assume um protagonismo histórico no desenvolvimento econômico e social do país?
Tereza Cristina – Com certeza. Mas assume [esse protagonismo] não por acaso. Assume isso depois de 60 anos de pesquisa, de inovação, de muito trabalho em que os produtores rurais hoje vem produzindo cada vez mais, uma alta produtividade, usando menos espaço. Então, nós temos aí o Brasil, nesses últimos 60 anos, crescendo 420% na produtividade e com um aumento de somente 47% da área.
Canal Rural – A safra 2021/2022 começa com expectativa recorde de produção. Porém, já faltam recursos para investimentos. A gente sabe que o ministério pretende reorganizar os créditos entre as linhas de investimento para tentar fazer frente a essa situação. Como será essa redistribuição e quais linhas devem ter prioridade?
Tereza Cristina – Olha, o crédito oficial é sempre menor do que o que a gente gostaria que fosse, principalmente num ano fiscal difícil, com o orçamento apertado como o deste ano. Nós fizemos todo o esforço. Foram colocados R$ 13 bilhões para fazer a equalização dos juros, e esses recursos, hoje, já estão praticamente esgotados, principalmente no que se diz respeito aos investimentos, que é a maior demanda do setor. E com o crescimento da produção, com certeza, nós precisamos de mais investimentos em armazéns, onde nós tivemos aí um grande esforço, foram colocados mais de R$ 5 bilhões em linhas, [recursos] que não acabaram ainda, mas tende a acabar antes do final do ano.
Nós colocamos no Programa ABC que toda a área de sustentabilidade, recuperação de pastagens, introdução em áreas degradadas de agricultura que você precisa de investimentos para melhoria dos solos, recuperação desses solos, para que eles sejam colocados à disposição da agricultura e também de uma pecuária mais intensiva, menos extensiva, enfim, toda a parte de aves, que vem crescendo muito, suínos, então, parte aí das granjas, porque a agroindústria vem crescendo e tem que crescer na mesma proporção da produção. Nós gostaríamos de ter mais recursos, vamos alocando, nós estamos trabalhando olhando mês a mês como é que esses investimentos estão sendo tomados para que, se sobrar em algum lugar, eles possam ser realocados.
Agora, muito importante é dizer que o Ministério da Agricultura vem priorizando os pequenos agricultores, desde o primeiro dia que nós chegamos aqui no governo do presidente Bolsonaro, porque são eles que têm mais dificuldade em tomar esse crédito. [Para] Os grandes, hoje, nós fizemos a modernização do crédito rural, como novas ferramentas mais atrativas para que o mercado coloque recursos, mas os pequenos precisam dessa mão do Estado. E agora que a gente vem fazendo aqui desde o primeiro ano, e este ano, vocês puderam ver, que colocamos quase R$ 40 bilhões à disposição dos pequenos agricultores de todo o nosso país.