Entrevistado pela Agência Reuters a propósito da retaliação imposta pela China à importação de produtos agropecuários dos EUA, Pan Chenjun, analista sênior de proteína animal do Rabobank em Hong Kong, observou que “haverá um redirecionamento do comércio”:
“Os principais produtos que serão impactados são miúdos de porco e pés de frango. Para carne de porco, tanto músculo quanto miúdos, a China obterá mais suprimentos do Brasil, Espanha, Holanda e outros países da UE.”
Conforme a Reuters, a China é o maior mercado para exportações agrícolas dos EUA, comprando US$ 29,25 bilhões em produtos em 2024, e qualquer mudança nos fluxos comerciais “pode criar oportunidades para exportadores rivais”.
Isso apenas daria continuidade a uma tendência na qual a China vem procurando reduzir sua dependência agrícola aos EUA desde a guerra comercial iniciada durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump.
No ano passado a China importou cerca de US$16,3 bilhões em carne bovina, suína e de frango dos EUA, incluindo miudezas, mas agora, em sua contraofensiva, aplicou tarifas de 15% sobre a carne de frango dos EUA e de 10% sobre carne suína e bovina.
Em decorrência, analistas acreditam no aumento dos embarques de carne europeia e sul-americana para a China. E embora no momento a China venha realizando investigações antidumping sobre as importações realizadas no ano passado de carne suína e de laticínios da União Europeia, as vendas não foram afetadas.
No entanto, a dependência da China aos EUA para pés de frango provavelmente continuará, pois seria difícil obter alternativas completas e rapidamente, disse Pan.
“Os importadores de pés de frango apenas pagarão o imposto e continuarão importando esse item dos EUA”, diz Pan.
A Reuters ainda lembra que a China é um importante importador de pés de frango, orelhas de porco e vísceras dos EUA — itens valorizados em sua culinária, mas com pouca demanda nos Estados Unidos.