Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) contribuem fortemente para o desenvolvimento e promoção da competitividade do mercado regionalizado, principalmente entre os pequenos produtores rurais e agricultores familiares.
Os APLs são conjuntos de empresas e empreendimentos, localizados na mesma região, com a finalidade mútua de cooperação na cadeia produtiva. Além disso, dá um sentido de geolocalização aos produtos, se tornando referência local, como por exemplo, ovos de Bastos, sapatos de Franca e flores de Holambra
Esta conexão alinhada com o mesmo modelo de administração mantém vínculos de articulação, interação, colaboração e aprendizagem, fortalecendo pequenos produtores na busca de crédito e até de políticas públicas segmentadas. “A lógica de ter um Arranjo Produtivo Local é de poder se organizar e trocar conhecimentos que propiciem duas coisas principais: a produção de uma maneira sustentável, do ponto de vista econômico e social, e a possibilidade de atingir um mercado com condição de ocupar um espaço que seja representativo para aquela união de pessoas”, explica Alberto Amorim, dirigente de Assessoria Técnica e Coordenador do Painel de Estudos Aplicados em Arranjos Produtivos Locais Agroindustriais Rurais (PEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
De acordo com o último balanço realizado pelo Ministério da Economia, em 2021, o Brasil possui 839 APLs que atuam em 40 setores produtivos, em 2.580 municípios do País, contribuindo na geração de mais de 3 milhões de empregos. No estado de São Paulo, até o momento, foram registrados 84 conglomerados, sendo 33 do segmento do agronegócio.
Vale ressaltar que o trabalho intenso realizado pela Secretaria de Agricultura foi essencial para o crescimento das APLs, que no último edital de reconhecimento conseguiu a aprovação de 12 arranjos do setor primário. O programa está sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Mas, em 2021, a SAA realizou uma parceria com a SDE para operacionalização de ações técnicas, que vão desde mapear setores produtivos do agronegócio com as ações de reconhecimento, até a realização de diagnósticos, assessoramento e monitoramento das governanças destes arranjos e das cadeias de produtos artesanais.
A região de Jaboticabal, por exemplo, tornou-se um polo econômico e referência para o setor, principalmente, com o amendoim. Essa APL engloba cerca de 17 municípios, com mais de 530 empresas, gerando 32 mil empregos. Além do amendoim, e seus derivados – grão com casca e cru com película, pasta, pé-de-moleque e paçoca -, Jabotical também é referência no setor de cana-de-açúcar, com produção de açúcar e álcool.
“Somos a Capital do Amendoim porque lideramos o cenário nacional na produção dessa cultura, mas nosso arranjo produtivo local também tem destaque na produção de outros produtos. Isso, aliado à pujança dos nossos setores de indústria e serviços, são indicativos sólidos da nossa importância para a riqueza do Estado e da nação”, frisou Lucas Ramos Neto, secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Jaboticabal.
Só para se ter uma dimensão do cenário econômico regional, de acordo com Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de abril de 2023, os valores da produção da APL de Jaboticabal, somente de amendoim em casca e de cana-de-açúcar, por exemplo, foram de R$ 101 milhões e R$ 578 milhões, respectivamente.
“Para nós, é motivo de grande orgulho o reconhecimento do APL de Jaboticabal, porque mostra a consolidação do nosso agronegócio, especialmente impulsionado pelo suporte organizacional do InovaJab (UNESP/FCAV) e da nossa Incubadora Empresarial de Jaboticabal”, ressaltou Lucas Ramos Neto.
A InovaJab é uma incubadora de base tecnológica com foco no agronegócio que oferece apoio jurídico, gerencial, administrativo e mercadológico. Além disso, auxilia as empresas na construção da rede de contatos e parcerias. Apoiada pela Lei da Inovação, federal e paulista, a incubadora atua em alguns segmentos do agronegócio, dentre eles: meio-ambiente e biotecnologia. “Em grupo, buscamos formas de gerar cada vez mais inteligência coletiva através da diversidade e da colaboração, e queremos que nossa região alcance vantagem competitiva no cenário mundial do agronegócio”, reforçou Andreísa Flores, mestre e doutora pela Unesp/FCAV.