Margem da suinocultura seguiu fortalecida, com março indicando nova redução dos custos, enquanto os preços se mantiveram relativamente estáveis. Além disso, o ano começou favorável nas exportações e com o preço de embarque se recuperando marginalmente. Os preços do suíno, referência SP, têm se mostrado menos voláteis neste ano, quando comparado com os anteriores. Além da comum movimentação das cotações dentro do mês, as médias mensais de janeiro a março (até dia 20) foram praticamente as mesmas, R$ 6,65 a 6,67/kg, o que indica um mercado equilibrado.
Com os custos da ração em queda voltando a ajudar a atividade em março, a margem da suinocultura deve fechar o mês ainda melhor frente ao mês passado. Há 11 meses o spread voltou ao campo positivo, após ter ficado no vermelho por 23 meses (mar/21 a jan/23). A taxa de crescimento da produção de carcaças medida pelo IBGE em dez/23, pela média móvel em 12 meses, foi de apenas 2%, contra 6% em dez/22. Além da expansão moderada da oferta, as exportações positivas evitaram uma pressão maior nos preços em 2023, que ainda assim, foram menores que os de 2022 na maior parte do ano. Possivelmente, o aumento da oferta no primeiro trimestre deste ano esteja ocorrendo, porém sem exageros, o que ajuda nas margens. Nas exportações, a quantidade enviada no primeiro bimestre (168,2 mil t) cresceu 12,3% sobre igual período do ano anterior, embora com aumento bem menor na receita (0,9%) em função dos preços 10% inferiores (jan-fev 24/23).
Porém, em fevereiro, o preço se recuperou 3,6% após ter acumulado 17% de queda contínua nos oito meses anteriores e março estimado até a terceira semana aponta +0,7% (USD2.277/t). A perspectiva para a suinocultura é favorável, com os baixos custos dos ingredientes das rações exercendo importante influência nas margens, além do equilíbrio de oferta e demanda, com a produção crescendo pouco e as exportações firmes, o que deve sustentar os preços. Apesar do curto prazo positivo para o suíno, com os custos contidos, dada a indefinição sobre a produção brasileira de milho neste ano num contexto de redução de área, parece prudente defender-se da possibilidade de alta do insumo.
Muito do cenário global para a suinocultura depende do que ocorre na China, país que representa 48% da produção mundial. Por lá, os preços de carne suína voltaram a cair em março, ficando 6,7% abaixo de fevereiro, após terem avançado no mês anterior. Por outro lado, os preços do leitão continuaram escalando, com alta de 13,7% neste mês e 59% desde dezembro, o que se relaciona com o rebanho de matrizes, recuando há mais de um ano. O USDA projeta que a produção chinesa de carne suína deverá cair 3% em 2024, e as importações aumentarão 16,9%.
Apesar disso, nos primeiros dois meses do ano o país asiático importou, no total de todos paísesfornecedores,161 mil t, 57% a menos. E o Brasil, exportou para a China 46 mil t, 34% a menos em relação a jan-fev/23. Por outro lado, outros destinos têm mais que compensado, caso das Filipinas, Chile, Japão e Coréia do Sul. A representatividade da China nos embarques in natura do Brasil foi de 34% em 2023 e 27% em jan-fev/24. A diversificação dos mercados externos da carne suína brasileira é bastante positiva. Com o milho e o farelo de soja baratos ao produtor e a demanda externa favorável, podemos esperar bons resultados. É desejável que as novas expansões de capacidades de produção que derivarão do cenário atual favorável não sobrecarreguem uma boa capacidade de absorção.