A BRF registrou lucro líquido de R$ 594 milhões no primeiro trimestre deste ano. Apoiada por margens melhores e pela diversificação nas exportações, em meio a novas habilitações conquistadas pela empresa, este foi o melhor primeiro trimestre da história da companhia de alimentos. No mesmo período em 2023, a companhia teve prejuízo de R$ 1,024 bilhão.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado atingiu R$ 2,1 bilhões no intervalo de janeiro a março. Um ano antes, o valor foi de R$ 607 milhões. A margem ajustada ficou em 15,8%, crescimento de 11,2 pontos percentuais.
A receita líquida da companhia alcançou R$ 13,38 bilhões no trimestre, avanço de 1,5% no comparativo anual, apesar da queda de 1,9% no volume de vendas, que foi de 1,15 milhão de toneladas.
“A gente observou recuperação de preços em praticamente todos os destinos para vendas, Ásia, mercado africano, Américas, mercados halal, tanto na Turquia quanto nos mercados do Golfo. A gente já imaginava isso, chegamos a antecipar que a proteína reagiria, isso começou no final do ano passado e persiste nesse início de 2024”, disse o vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da BRF, Fabio Mariano.
O CEO da empresa, Miguel Gularte, acrescentou que a BRF utiliza um importante sistema de precificação que permite se antecipar a estes movimentos. “Outro aspecto importante é que nós agregamos, no ano passado, 66 novos destinos e nesse ano, no primeiro trimestre, temos 24 novos destinos”, afirmou o CEO sobre as habilitações obtidas pela companhia.
Mariano comentou que, à medida que as habilitações foram acontecendo, a empresa passou a gerir melhor os envios, buscando os mercados mais rentáveis para o momento, o que compensou os negócios. “De forma geral, receita cresce”.
Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de Mercado Internacional e Planejamento da BRF, ressaltou o retorno das vendas da companhia para o Reino Unido, com oito plantas de aves habilitadas. Outro destaque foi a retomada de exportações de carne suína para o México e a conquista da aprovação dos Estados Unidos.
“China tem sido um destino bem relevante para aves ainda. Nos suínos tivemos preços mais reprimidos [para o mercado chinês], então tivemos alternativas melhores”, disse Dall’Orto.
Com isso, a operação internacional da empresa apresentou margem Ebitda de 16,9% no trimestre também motivada pelo bom desempenho na Turquia e nos países do Golfo, potencializado pelo efeito sazonal das celebrações do Ramadã. O Ebitda ajustado saiu de R$ 106 milhões negativos no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 1,096 bilhão neste ano.
Mercado interno
No Brasil, neste primeiro trimestre, o resultado também foi positivo e a margem Ebitda ficou em de 15,1%. “O desempenho se manteve forte mesmo após a campanha dos comemorativos [de fim de ano]”, afirmou Mariano.
O Ebitda ajustado da operação saltou 81,4%, para R$ 931 milhões na esteira da queda de custos.
O executivo financeiro disse que a companhia teve uma redução significativa nas despesas, principalmente por conta do programa de eficiência operacional, mas também pela queda nos preços das commodities como milho e farelo de soja. “Se comparar o custo do produto vendido por quilo, nosso custo do produto consolidado retrocedeu 10%”, disse ele.
Na visão de Manoel Martins, vice-presidente Comercial Brasil da BRF, a área de processados foi responsável pelo grande desempenho da empresa no trimestre, no mercado doméstico.
Além deste contexto, o andamento do programa de disciplina financeira contribuiu para a geração de R$ 844 milhões em caixa livre. A alavancagem – relação entre a dívida líquida e Ebitda – ficou em 1,45 vez, a menor dos últimos oito anos. Somente o programa de eficiência BRF+ 2.0 apresentou captura de R$ 438 milhões no período.