– A produção total de carnes da China atingiu um novo recorde no primeiro semestre de 2025, segundo dados do Ministério da Agricultura e de Assuntos Rurais do país compilados pela consultoria Datagro. O avanço foi sustentado por resultados históricos na oferta de carne bovina, que chegou a 3,42 milhões de toneladas, e principalmente de aves, que somaram 12,7 milhões de toneladas no período.
Apesar da queda na produção de ovinos, a proteína suína retomou trajetória de alta e, por ser a mais consumida no país, também contribuiu para o crescimento. Mais de 60% do aumento na produção foi puxado pela carne de aves, cerca de 30% pela carne suína e 10% pela carne bovina.
O excesso de oferta, problema recorrente no mercado chinês, voltou a afetar a suinocultura, pressionando preços pagos ao produtor. As autoridades já anunciaram medidas para restringir ainda mais a produção e tentar reequilibrar o mercado.
Na avicultura, o desafio é ainda maior devido à fragmentação do setor.
Com preços em queda e produção recorde, a sobre oferta pode se prolongar. Essa conjuntura pode explicar a demora na retomada das importações de frango brasileiro, suspensas mesmo após o país recuperar o status de livre de gripe aviária — decisão que também considera o foco registrado no Rio Grande do Sul meses atrás.
A carne bovina seguiu em trajetória distinta. Foi a única proteína com alta nos preços ao produtor no semestre e, somando-se as importações à produção interna, a oferta total ficou estável em relação ao mesmo período de 2024. O cenário indica que o consumo segue em crescimento. Parte do aumento da produção está ligada à redução do ritmo do setor leiteiro, que tem descartado matrizes e reforçado a oferta de carne bovina.
Com a primeira alta nas importações de carne bovina do ano registrada em junho, a pressão pela adoção de salvaguardas mais severas nas compras externas parece ter diminuído. Segundo a consultoria, é possível que a investigação em andamento resulte em medidas menos restritivas, como tarifas baixas ou cotas elevadas não exclusivas, o que manteria a competitividade da carne bovina brasileira e poderia abrir espaço para recuperação das exportações ao mercado chinês no segundo semestre.
IMPACTO NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
• Carne bovina: Cenário positivo. Preços internos na China subiram e o consumo continua em alta. A retomada das importações em junho e a expectativa de medidas menos restritivas na investigação de salvaguardas favorecem as exportações brasileiras no segundo semestre.
• Carne suína: Efeito misto. O excesso de oferta mantém os preços pressionados e reduz a necessidade imediata de importações. Entretanto, as medidas de controle anunciadas pelo governo chinês podem reequilibrar o mercado a médio prazo, abrindo espaço para mais compras externas.
• Carne de frango: Cenário desfavorável. A produção recorde de aves na China, combinada à queda nos preços e à fragmentação do setor, prolonga a sobre oferta e limita importações. A demora na retomada das compras do Brasil pode estar ligada a esse fator, além de preocupações