Presidente da Confederação, João Martins, participou da transmissão ao vivo
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, lançou na quarta (10), durante uma transmissão ao vivo, o novo escritório da entidade em Singapura.
Na abertura da live, Martins afirmou que a escolha de Singapura para ter o segundo escritório da Confederação no exterior resultou de uma análise aprofundada e tem o objetivo de estabelecer a presença do agro brasileiro no sudeste asiático.
“Já temos um escritório em Xangai, na China. E agora, com Singapura, teremos mais conexão com a Ásia. Nossa expectativa é estar presente na região econômica mais dinâmica do mundo para buscar oportunidades de negócios aos produtores rurais brasileiros”, disse.
O presidente da CNA destacou que em 2020 o país comprou “meio bilhão de dólares em produtos do agro” e que Singapura é também a ponte com outros países da região já que 30% do comércio asiático passa pelo país.
“A ampla presença de capital, facilidade para negócios e interconectividade logística são algumas características desse país. A presença da CNA terá como finalidade o acesso às portas desse mercado e também de países como Tailândia, Indonésia, Malásia, Vietnã, chegando à Índia”, explicou.
Segundo João Martins, a expectativa é que até 2025 metade da classe média mundial esteja na Ásia. “O crescimento da renda dessa classe deve resultar em aumento na demanda por alimentos de maior valor agregado. Esses produtos são o foco do Projeto Agro.BR, liderado pela CNA em parceria com a Apex-Brasil. Estamos abertos para apoiar aqueles empresários rurais que tenham vontade de acessar esses mercados”.
A embaixadora do Brasil em Singapura, Eugênia Barthelmess, também participou da abertura do evento e disse que o sudeste da Ásia é hoje o terceiro parceiro comercial do Brasil e há expectativa de se tornar o segundo, sendo Singapura considerada a porta de acesso aos diferentes mercados da região.
“Em 2020, Singapura foi o 12º destino das exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano foi o 8º destino. A escolha da CNA de abrir o escritório em Singapura não poderia ter sido mais acertada. Espero que esse trabalho entre a embaixada e o escritório seja cotidiano e permanente”.
A diretora de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, foi a moderadora do debate e explicou que a segunda representação da entidade na Ásia vai ajudar a diversificar a pauta exportadora de produtos agropecuários brasileiros. “Nós sabemos que hoje dez produtos do agro já são competitivos, mas o agro é muito diverso e podemos levar outros produtos para o mercado internacional”.
Segundo Dutra, para fazer a promoção comercial de produtos que não são aqueles tradicionais da pauta exortadora é necessário pensar fora da caixa e estar cada vez mais perto do consumidor. “Desenvolver uma marca coletiva para os produtos, por exemplo, é um grande desafio para o Brasil, então precisamos nos organizar para conseguir fazer isso”.
Por fim, a diretora falou da necessidade das entidades do agro apoiarem as empresas no acesso ao mercado internacional. “Colocar os nossos produtos do outro lado do mundo não é simples, as entidades e o governo precisam trabalhar juntos pra apoiar o setor privado e é esse modelo que precisamos reproduzir e que tem dado certo em outros países”.
A consultora da CNA em Singapura, Sabrina Viegas foi uma das convidadas do debate e afirmou que um dos objetivos desse novo escritório da entidade é ajudar o pequeno e médio produtor a entender como esse mercado potencial funciona.
“Singapura é um país extremamente estável, focado no negócio internacional e que tem apetite de facilitação de negócios. Ter um governo estável por trás, apoiando esse tipo de importação, dá um garantia e objetividade para esses novos projetos”.
Para Sabrina, o mercado asiático é cheio de oportunidades para produtos de nicho, que são produzidos por pequenos e médios produtores. “Cada mercado nessa parte do mundo demanda uma estratégia específica de entrada de um produto”.
A consultora da Confederação disse que os trabalhos do escritório já iniciaram. “Estamos focados em mapear o mercado e desenvolver um estudo para avaliar a demanda. Queremos entender as oportunidades macro e micro de cada cadeia de produto prioritário do Projeto Agro.BR e como podemos facilitar essa pauta exportadora”.
Em sua apresentação, o adido agrícola do Brasil em Singapura, Leandro Antunes, informou que o país é considerado um mercado consumidor relevante e tem potencial distribuidor para a Ásia. “Devido aos altos custos e território reduzido, a produção de alimentos em Singapura é limitada, o que faz do país um grande importador”.
De acordo com Leandro, os mercados de carne bovina, de frango e suína já são abertos e consolidados, mas há possibilidade de exportação de carne enlatada, miúdos, carne com osso e carne processada. Também há oportunidades para o mercado de café convencional e especial. “A busca por cafés é muito grande. É um nicho de mercado que o Brasil tem tudo pra aproveitar”.
O adido agrícola destacou ainda os mercados abertos e com potencial de crescimento para mel e produtos apícolas; frutas frescas e processadas; castanhas; pulses (feijões, grão de bico e principalmente gergelim); lácteos; pescado e bebidas.
Antunes encerrou sua exposição pontuando as oportunidades do agro brasileiro no mercado de Singapura. “Não há tarifação para importação de alimentos em Singapura, pois é uma questão de segurança alimentar. É uma forma de diversificação das exportações brasileiras, tanto em destino, quanto produtos, além de ser uma proteção contra eventos inesperados”.