A paranaense Agronutri, indústria do segmento de nutrição, saúde e desmedicalização animal, selou uma parceria exclusiva com a farmacêutica espanhola Farm Faes, grupo detentor de empresas como Ingaso e TecnoVit, fabricantes de uma ampla linha de produtos, para produzir e comercializar no Brasil núcleos, premixes e concentrados nutracêuticos (alimentos bioativos e livres de fármacos) para suínos. A parceria prevê um investimento de R$ 10 milhões em um período de três anos e o objetivo é chegar a 20% de participação de mercado até 2025.
Na unidade fabril da Agronutri, localizada em Quatro Barras, a cerca de 20 km de Curitiba/PR, serão produzidos pelo menos quatro produtos formulados pelo grupo Farm Faes, recém-registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Entre eles, soluções livres de fármacos como o Óxido de Zinco, substância proibida pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Inicialmente, a fábrica produzirá 2 mil toneladas, mas deve alcançar sua potencialidade total, de 5 mil toneladas/mês, até 2025.
De acordo com o diretor da Agronutri, Fábio Ebrahim, a partir desses quatro produtos já homologados, será possível produzir mais de 100 fórmulas diferentes com cada item, para variadas fases de desenvolvimento dos leitões. “Isso quer dizer que vamos ter soluções nutricionais para enfrentar quaisquer desafios nos próximos anos, principalmente contribuir através da nutrição com o manejo nas granjas sem antibióticos ou fármacos tradicionalmente usados”, revela. “São fórmulas que atendem às exigências do mercado europeu – e também do global. Dessa forma, os suinocultores brasileiros poderão competir de igual para igual com produtores de todo o mundo”, estima.
Para o diretor-executivo da Farm Faes, German Fernandez-Cano, a parceria estratégica com a Agronutri é importantíssima, já que o Brasil vem se consolidando como um dos principais produtores de proteína animal e deve, em 2027, ser o país mais relevante para o mercado global no setor da suinocultura. “Temos todos os fundamentos para selar um negócio estratégico: o produto, a tecnologia, o potencial de mercado e duas empresas de ponta olhando para o futuro”, celebra.
Mudanças estratégicas
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) passou a analisar o uso do Óxido de Zinco nas dietas animais em 2017, e estabeleceu junho de 2022 como data limite para decretar novas exigências. Foi então que, a partir de julho deste ano, a substância foi banida do bloco como produto medicinal veterinário de aplicação oral em animais de produção. Isso porque, após uma análise minuciosa, concluiu-se que os benefícios do Óxido de Zinco (usado na fase de desmame, para prevenir diarréias) não superam os riscos ambientais.
Como é um metal pesado e tóxico para o animal, a biodisponibilidade e absorção do zinco proveniente do óxido de zinco são baixas, e as ingestões excessivas do mineral acabam sendo excretadas nas fezes, que comumente são utilizadas por agricultores como fertilizantes orgânicos. Sua aplicação contínua aumenta gradualmente as concentrações de zinco na camada superficial do solo, e o escoamento de água ou a lavagem do solo aumentam a contaminação de águas subterrâneas e superficiais.
Por essa razão, as indústrias passaram a buscar alternativas eficazes para as dietas alimentares de leitões e, dentre as inúmeras soluções, destacam-se os produtos nutracêuticos, livre de fármacos. “A Agronutri tem a exclusividade desses produtos no Brasil e vai iniciar as vendas focada no mercado de suínos de primeira fase, grupo que demanda o maior número de pesquisas e desenvolvimento mundo afora”, adianta Ebrahim. “Produtos nutracêuticos estão em total conexão com o mercado europeu e fazem parte de todas as normas atuais das proteínas finais nos principais mercados”, finaliza.