Quando falamos em filé mignon, picanha, maminha, fraldinha carré, t-bone, prime rib, certamente já pensamos que o assunto é apenas carne bovina, correto? Errado! Todos estes cortes nobres também podem ser encontrados em açougues e supermercados na gôndola de suínos. Historicamente quando o assunto era carne de porco, as pessoas buscavam apenas o pernil da ceia de Natal ou a linguiça do churrasco do Ano Novo, entretanto, nos últimos anos, isso tem mudado e o aumento da procura por diversos cortes dessa proteína é a comprovação.
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o consumo de carne suína alcançou o marco de 20,5 kg per capita em 2023. Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça (sem correção inflacionária), nos últimos 12 anos. Para entender a magnitude desse avanço, vale a pena compará-lo ao índice registrado em 2010, que era de 13 kg per capita. “Essa diferença é mais do que meramente numérica, ela comprova uma mudança substancial nos hábitos alimentares e na relação do público com a carne suína”, destaca Beate von Staa, proprietária da Topgen, marca brasileira, especializada em genética suína.
De acordo com a especialista, além da relação de custo-benefício, a carne suína a cada ano ganha novos mercados por fazer parte das descobertas e experiências dos consumidores, que têm enxergado na proteína uma opção que se encaixa em diversas ocasiões. “O aumento do preço da carne bovina também foi um fator que contribuiu para o interesse da população pela proteína suína como alternativa. Assim, o nosso desafio é mostrar que a suinocultura também produz cortes nobres de excelente qualidade”, disse. “Além disso, com um bom trabalho de marketing da ABCS junto às grandes redes de supermercado, essas opções estão cada vez mais presentes na mesa dos brasileiros”, destacou.
Importância genética
A qualidade da carne suína começa com a genética dos animais a qual vai impactar em características como maciez e sabor. No programa de melhoramento genético usado pela Topgen, por exemplo, mesmo nas linhagens maternas, os indicadores de qualidade de carne têm um grande peso, afinal, a matriz é responsável por 50% da carga genética da progênie.
Essa qualidade é representada por vários indicadores, entre eles a porcentagem de gordura intramuscular (marmoreio), que é o principal responsável pelo sabor e suculência. Além disso, perda por gotejamento (fator que resulta em menos suculência), maciez e cor. “No nosso programa, o indicador de gordura intramuscular não pode ser menor que 2%. A qualidade (tipo) da gordura também avaliada é um diferencial”, pontua Beate.
No melhoramento genético, além da qualidade da carne (ou experiência do consumidor), busca-se também a eficiência e a uniformidade. “Queremos, com a nossa linhagem maternas batizadas por “Afrodite” e “Vênus”, a eficiência produtiva e reprodutiva para o produtor, a uniformidade e padronização para o frigorífico e por fim uma ótima experiência ao consumidor”, finalizou.