As cotações da soja, em Chicago, ensaiaram uma recuperação nesta primeira semana de maio, porém, o movimento foi tímido. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (04) ficou em US$ 14,48/bushel, contra US$ 14,26 uma semana antes. Lembrando que a média de abril fechou em US$ 14,88/bushel, praticamente igual a média de março. Em abril de 2022 a média havia fechado em US$ 16,82/bushel. Ou seja, neste momento o mercado trabalha com cerca de dois dólares a menos por bushel, em relação ao mesmo período do ano passado. E nos próximos meses (até setembro), caso não haja problemas climáticos que venham a prejudicar a nova safra de soja dos EUA, Chicago indica um recuo de mais dois dólares, com o bushel vindo ao redor de US$ 12,80, senão menos.
Por enquanto, o mercado está pressionado pela forte oferta no Brasil, apesar da quebra de safra no Rio Grande do Sul, e pela expectativa de uma produção importante nos EUA. Ao mesmo tempo, a China vem comprando de forma menos intensa, buscando substituir o farelo de soja nas suas rações animais. Por outro lado, na área financeira, o Banco Central dos EUA, nesta semana, voltou a aumentar o juro básico, tornando ainda mais atrativos os títulos estadunidenses. Isso leva muitos operadores a venderem contratos de commodities e buscarem investir nos títulos públicos.
Efetivamente, o Fed (Federal Reserve) anunciou o aumento de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros do país. O intervalo aumentou de 4,75% a 5% para 5% a 5,25% ao ano. Além dos grãos, o petróleo registrou recuo importante, perdendo cerca de 3% de seu valor durante a semana, estando o tipo Brent, em 04/05, a US$ 72,44/barril contra US$ 85,36 um mês atrás.
Afora isso, daqui em diante o mercado estará atento ao clima nos EUA, pois a nova safra de soja está sendo semeada. E, neste contexto, existe mais pressão baixista, pois o plantio avança muito bem, tendo chegado a 19% da área no dia 30/04, contra a média histórica, para a data, que é de 11%. Vale destacar que no próximo dia 12/05 teremos o relatório de oferta e demanda do USDA, o qual será o primeiro a avançar projeções sobre os volumes a serem colhidos para a nova safra 2023/24. Dito isso, os embarques de soja, pelos EUA, chegaram a 401.976 toneladas, na semana encerrada em 27/04, ficando dentro das projeções do mercado. Com esse volume, o total embarcado, até o momento, no atual ano comercial, soma 47,4 milhões de toneladas, estando praticamente idêntico ao volume registrado em igual período do ano anterior.
E aqui no Brasil os preços voltaram a recuar, pois as condições cambiais e de prêmios nos portos permanecem baixistas, porém, o ritmo de queda foi bem menor. Talvez o mercado local esteja chegando, pelo momento, ao fundo do poço dos preços, buscando uma estabilização de curto prazo. Pelo sim ou pelo não, o fato é que os preços recuaram muito nas últimas semanas. Tanto é verdade que os Indicadores da soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná registram os menores patamares nominais desde agosto de 2020. “As médias mensais de abril, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI, de mar/23), por sua vez, são as mais baixas desde março/20, sinal de que os atuais preços de comercialização são similares a um poder aquisitivo verificado há três anos. Assim, o impacto desse contexto sobre a rentabilidade dos sojicultores será expressivo, sobretudo no caso dos gaúchos, que sofreram nova frustração de safra, e sobre àqueles que não fizeram vendas antecipadas, optando pela negociação em período de colheita quando, sazonalmente, as cotações são pressionadas.”.
Assim, a média gaúcha fechou a primeira semana de maio em R$ 126,25/saco, enquanto as principais praças locais negociaram a soja a R$ 124,00/saco. No restante do país, as principais praças trabalharam com preços entre R$ 111,00 e R$ 125,00/saco. Sim, já há regiões no Centro-Oeste se aproximando dos R$ 100,00/saco. Com a colheita brasileira chegando a 95% da área total, as exportações de soja por parte do Brasil deverão somar 12 milhões de toneladas em maio, após 14,3 milhões em abril. O número de abril, se confirmado, terá sido 25% superior ao exportado em abril de 2022. Segundo a Secex, com o volume de abril, o Brasil exportou, no primeiro quadrimestre do corrente ano, o total de 33,5 milhões de toneladas da oleaginosa, ou seja, 3,4% acima do registrado no mesmo período do ano anterior. A expectativa é que o Brasil alcance exportações de 96 milhões de toneladas de soja, em 2023, contra 78,7 milhões no ano anterior, quando a safra nacional foi parcialmente frustrada.