A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou nesta terça-feira (3/12) uma nova versão do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira (SITE-MLog). A plataforma interativa organiza dados estratégicos para a logística do agronegócio e dá acesso gratuito a informações sobre produção, armazenagem, beneficiamento e exportação.
De acordo com a estatal, a nova versão tem novidades, como mapas com a distribuição de armazéns e demanda por nutrientes agrícolas. O sistema, desenvolvido pela Embrapa Territorial, pode ajudar no planejamento de investimentos e na adoção de políticas públicas de melhoria da infraestrutura do agronegócio. A ferramenta também será útil para consultas de jornalistas, pesquisadores, economistas e gestores públicos e privados.
Gratuita e acessível pelo site da Embrapa, a ferramenta oferece informações atualizadas sobre dez cadeias produtivas: algodão, bovinos, café, cana-de-açúcar, galináceos, laranja, madeira para papel e celulose, milho, soja e suínos.
“A grande vantagem do SITE-MLog é a economia de tempo e a padronização das informações, que agora estão organizadas e acessíveis em uma única interface. Isso facilita análises rápidas e estratégias mais eficientes para o setor agropecuário”, afirma Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, em nota. A primeira versão havia sido criada em 2018.
Agora, os dados de produção agropecuária estão disponíveis em uma série histórica que vai de 1990 a 2023. É possível visualizar no mapa ou em uma tabela qual o volume e valor obtido em cada microrregião do país, diz a Embrapa. O mesmo painel apresenta um mapa com a concentração espacial da produção e organiza as localidades em quatro grupos, chamados de quartéis.
“Esse indicador de concentração ajuda a definir prioridades para políticas públicas e investimentos privados. Ele permite identificar quais áreas merecem atenção especial, seja para fomentar a produção ou melhorar a infraestrutura existente”, explica o analista da Embrapa André Farias, na nota. “Por exemplo, alguém pode fazer uma simples seleção e obter as regiões que concentram 25%, 50% e 75% da produção de soja no Brasil. A partir desses cenários, pode-se estabelecer uma estratégia diferenciada de investimento para a cultura, com redução de tempo e de recursos empregados”, detalha Farias.
Comércio exterior
Há uma área do sistema dedicada à exportação na qual é possível acessar o volume e o valor das vendas externas da agropecuária registrados em cada microrregião do país entre 1997 e 2023. Também estão disponíveis dados por subproduto. Por exemplo, a microrregião do sudoeste de Goiás colocou 10 milhões de toneladas de soja no mercado internacional, no ano de 2023, o que gerou 5,3 bilhões de dólares. Desse volume, 12% foram exportados na forma de farelo e 1,8% como óleo de soja.
Com os dados de produção e exportação do SITE-MLog, a Embrapa Territorial analisou por qual porto cada microrregião brasileira exportadora embarca grãos (soja e milho) para o mercado internacional. A partir dessa informação, delimitou oito bacias logísticas, áreas do território nacional que preferencialmente enviam cargas para o exterior pelo mesmo terminal marítimo.
É possível visualizar no mapa que até mesmo municípios no extremo oeste de Mato Grosso, quase na fronteira com a Bolívia, exportam preferencialmente pelo porto de Santos. Já para o extremo norte do Estado, a rota para os portos do Pará e Amapá mostrou-se mais atrativa, diz a Embrapa.
Armazenagem e insumos
Uma das principais inovações da nova versão do SITE-MLog é a localização dos estabelecimentos nos quais parte da produção é estocada ou processada. Os mapas identificam armazéns, usinas de açúcar e etanol, frigoríficos e outros estabelecimentos que processam carnes, além de beneficiadoras de algodão, milho e soja. A filtragem de informações no painel permite verificar que a maior parte dos armazéns do Nordeste é do tipo convencional, mas a capacidade instalada está concentrada nos de categoria graneleiro e nas baterias de silos.
O SITE-MLog apresenta um mapa interativo com a quantidade demandada de calcário, gesso e nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) de sete culturas agrícolas: algodão, café, cana-de-açúcar, eucalipto, laranja, milho e soja. O analista da Embrapa Rafael Mingoti conta que as estimativas de demanda foram feitas considerando não só o volume de produção de cada microrregião, mas também a taxa de exportação de nutrientes, com base em dados retirados de artigos científicos.
“As estimativas foram feitas com o método científico, baseado em indicadores de pesquisa, mostrando a quantidade de nutrientes que se deve repor no solo após o cultivo. Esse levantamento feito para tantas culturas e para o Brasil todo é inédito”, destaca.
O sistema apresenta também mapas indicando onde há disponibilidade de nutrientes no território nacional para atender a demanda.