Em abril passado o Índice FAO de Preços dos Alimentos (FFPI, na sigla em inglês) registrou a segunda alta consecutiva do ano – isto, após ter recuado, em fevereiro passado, ao menor nível dos últimos três anos.
Mas, como a anterior, a alta de abril foi moderada, de apenas 0,25%. Por isso, o FFPI continuou inferior ao do mesmo mês de 2023, recuando, neste caso, perto de 7,5%.
No entanto, apenas o primeiro dos cinco indicadores acompanhados pela FAO (carnes, laticínios, cereais, óleos vegetais e açúcar) contribuiu para a alta do índice no mês. Porque o preço do açúcar recuou mais de 4% e o dos laticínios 0,25%, enquanto cereais e óleos vegetais permaneceram relativamente estáveis, com aumento de apenas 0,26%. Ou seja: a pequena recuperação do mês é atribuída às carnes, que aumentaram 1,62%.
Notar (gráfico abaixo) que nos dois últimos meses, março e abril, o preço dos cereais (aqui inclusas as matérias-primas das carnes) evoluiu em níveis inferiores ao das carnes. Pois isso ocorre pela primeira vez desde março de 2020, mês em que a OMS confirmou a pandemia de Covid-19.
Anteriormente, havia uma espécie de revezamento na variação de preços das carnes e cereais, mas sempre prevalecendo a paridade entre ambos. Tanto que, nos seis anos transcorridos entre 2014 e 2019, as carnes registraram preço médio de 98,8 pontos (2014/2016 = 100) e os cereais de 98,1 pontos – diferença de apenas 0,7 ponto percentual entre um e outro.
Mas a partir dos primeiros meses de 2020 e até fevereiro último (quase quatro anos), o preço dos cereais permaneceu muito acima do alcançado pelas carnes. O ápice foi registrado dois anos atrás (trimestre março/maio de 2022), ocasião em que a diferença de preço dos cereais em relação às carnes (considerada a paridade de 2014/2016) superou os 40%. Em maio de 2022, por exemplo, o preço das carnes foi de 122,9 pontos e o dos cereais de 173,5 pontos.
Em abril passado o preço dos cereais ficou em 111,2 pontos e o das carnes em 116,3 pontos. Cinco pontos de diferença – desta vez a favor das carnes.
Conforme a FAO, no grupo dos cereais, quem registrou alta em abril foi o milho. Em decorrência, principalmente, do aumento da demanda mundial no contexto das crescentes perturbações logísticas decorrentes de danos na infraestrutura da Ucrânia e à perspectiva de redução da safra principal de milho do Brasil.
Já entre as carnes, os aumentos de abril ficaram restritos à bovina e à de frango, esta última beneficiada pelo aumento da demanda entre os países do Oriente Médio. De toda forma, com os 116,3 pontos de abril, as carnes permanecem quase três pontos percentuais abaixo dos 119,1 pontos do FFPI, o índice geral de preços dos alimentos da FAO.