A aproximação da colheita da safra 2025/26 de soja e a necessidade de liberar armazéns ainda ocupados pelo milho devem manter os fretes rodoviários em níveis firmes no início de 2026, de acordo com avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com uma produção estimada em 177,6 milhões de toneladas, a oleaginosa tende a pressionar a demanda por transporte entre janeiro e março, período de maior intensidade no escoamento da safra.
O Boletim Logístico de novembro da Conab aponta que, mesmo na entressafra — fase em que normalmente há quedas mais expressivas —, os valores do frete têm registrado apenas ajustes moderados. Essa sustentação dos preços é resultado da combinação de três fatores principais: a demanda aquecida por milho, a alta ocupação dos armazéns e a antecipação da colheita de soja em Mato Grosso, principal estado produtor do país.
Em outubro, as variações foram discretas nas principais rotas de escoamento. Entre Sorriso (MT) e Santos (SP), o valor passou de R$ 480 para R$ 470 por tonelada, uma redução de apenas 2%. Para Paranaguá (PR), o frete recuou na mesma proporção, de R$ 460 para R$ 450. A partir de Primavera do Leste (MT), as retrações foram um pouco maiores, mas ainda limitadas: de R$ 390 para R$ 370 (–5%) no trajeto até Santos e de R$ 370 para R$ 355 (–4%) para Paranaguá.
Segundo a Conab, o setor de transporte avalia o momento como favorável para manter a frota em operação constante, assegurando cobertura de custos e margens. O milho tem sido o principal responsável por sustentar o fluxo de caminhões, impulsionado pela forte demanda das indústrias de ração e biocombustíveis, que chegam a oferecer ágios para garantir o insumo.
O cenário é reforçado pela necessidade dos produtores de liberar espaço nos silos. Com os armazéns ainda tomados pela safrinha e a expectativa de início da colheita de soja já na segunda quinzena de dezembro, a prioridade tem sido acelerar o escoamento do milho. Essa disputa por espaço físico aumenta a procura por transporte, mesmo antes do pico da safra de verão.
O boletim também destaca a preocupação do mercado com o tabelamento da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Transportadores que operam com caminhões menores enfrentam maior pressão sobre os custos, enquanto as operações com veículos de nove eixos têm mantido melhor equilíbrio entre despesas e remuneração. Apesar disso, não há expectativa de paralisações ou interrupções no fluxo logístico.
A Conab projeta que a movimentação continuará intensa nos primeiros meses de 2026. A combinação de safras volumosas, disputa por armazenagem e necessidade de escoamento rápido deve manter os fretes aquecidos até que o volume de soja colhido seja totalmente absorvido pelo sistema logístico nacional.















































