Apesar da paralisação de ao menos dez unidades frigoríficas de aves e suínos no Rio Grande do Sul em função das chuvas e enchentes, a indústria descarta a necessidade de abates sanitários na região e busca alternativas para fazer com que a ração chegue até os animais, diz o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
“Não tem abate sanitário até o momento. Graças à mobilização da sociedade, estamos conseguindo fazer chegar ração, contando com a solidariedade das pessoas no auxílio para as entregas”, afirma o executivo. Segundo ele, houve morte de animais, mas somente em função das enchentes.
Uma força-tarefa tem sido feita, em parceria com o governo federal, para conseguir transportar as aves e suínos das regiões atingidas para industrialização em outras unidades que estejam com operação normal. “Mas o maior desafio é a logística”, comentou.
Ações
O Rio Grande do Sul é responsável por 11% da produção nacional de frango e por quase 20% dos suínos, conforme dados da ABPA. Tamanha representatividade já refletiu nas ações de frigoríficos listados na B3, que terminaram o dia com quedas expressivas.
Os papéis ON da BRF, uma das líderes no setor de aves e suínos, fecharam a sessão de ontem (6/5) cotados a R$ 16,18, recuo de 3,23%. Mesmo sendo da área de bovinos, a Marfrig teve uma baixa ainda mais intensa, de 4,92%, para R$ 9,09 por ação. A Minerva perdeu 3,69%, para R$ 6,01.
“As ações do setor vão ser impactadas, seja por paralisação das plantas, logística comprometida. Além do problema no processamento delas, a safra de milho no Sul será afetada, encarecendo a ração”, explicou o estrategista-chefe da Rb Investimentos, Gustavo Cruz.
A exceção foi a JBS, que ficou praticamente estável na B3, com ligeira alta de 0,08%, para R$ 23,88 por ação. Dentre as empresas citadas, a JBS é a que detém os negócios mais pulverizados, seja no Brasil ou no exterior, o que ajuda a diluir melhor os riscos em momentos de crise como a que ocorre no Rio Grande do Sul.
Os analistas da XP alertaram em relatório, porém, que “problemas na cadeia de suprimentos podem ter impacto no médio prazo” para os frigoríficos, em função do cenário adverso no mercado gaúcho.
A ABPA e as associações de avicultura e suinocultura do Rio Grande do Sul estimam que o sistema produtivo pode levar mais de 30 dias para ser normalizado no Estado.