Lucro líquido da empresa alcançou R$ 4,4 bilhões de abril a junho
Value ou growth? Na JBS, tem sido os dois. A mensagem é de Guilherme Cavalcanti, executivo que comanda as finanças da gigante das carnes. As ações da empresa, avaliada em R$ 82,9 bilhões em bolsa, subiram 44,8% em 2021.
A companhia divulgou ontem o melhor resultado trimestral de sua história, aproveitando o excepcional momento vivido pelos frigoríficos dos EUA, onde gera a maior parte do caixa. Sim, já estão ficando até batidos os números estratosféricos dos frigoríficos brasileiros nos últimos trimestres, mas eles seguem quebrando recordes.
No segundo trimestre, a JBS lucrou R$ 4,4 bilhões, um avanço de 29,7% na comparação anual. O grupo está aproveitando o momento para antecipar o pagamento de R$ 2,5 bilhões em dividendos, o que traz o yield ao acionista para 10,8% (considerando recompra de ações e os dividendos já pagos neste ano).
Turbinada por uma “barbecue season” que também bombou os resultados de Marfrig e Tyson Foods nos EUA, a receita líquida da JBS aumentou 26,7%, chegando a R$ 85,6 bilhões no trimestre. Com isso, a companhia ultrapassou pela primeira vez a marca de R$ 300 bilhões em receita em 12 meses.
No trimestre, a JBS entregou um Ebitda de R$ 11,7 bilhões – aumento de 10,3% -, com margem de 13,7%. A geração de caixa livre chegou a R$ 3,2 bilhões. Não fosse o impacto de R$ 3 bilhões provocado pelo aumento de estoques, um efeito colateral da escassez de contêineres, o desempenho seria ainda melhor.
Em conversa com o Pipeline, site de negócios do Valor, Cavalcanti elencou uma porção de números que dão uma medida do momentum da empresa dos irmãos Batista. Desde 2020, a JBS já investiu US$ 6,4 bilhões – o equivalente a R$ 34 bilhões. Aos acionistas, foram R$ 12,2 bilhões, em dividendos ou recompra de ações. As aquisições no exterior chegam a R$ 11,5 bilhões e o capex passou de R$ 5 bilhões.
Na rubrica de ESG, a JBS colocou mais de R$ 5 bilhões, entre doações diversas para combater a covid-19 e investimentos no Fundo Amazônia, patrocinado pela companhia. “Os números mostram que construímos a JBS com os olhos do futuro, sem perder o foco do curto prazo”, afirmou o CEO Gilberto Tomazoni.
No curto prazo, a operação vai muito bem nos Estados Unidos, especialmente em carne bovina. A JBS USA Beef (que também abriga os negócios da companhia na Austrália e no Canadá) reportou a melhor margem entre todas as frentes de negócios. No segundo trimestre, a margem Ebitda ajustada dessa área ficou em 20,7%, um recorde. O Ebitda totalizou R$ 7 bilhões, 60% do resultado consolidado da empresa.
Na operação brasileira, a Seara e a Friboi ainda enfrentam dificuldades com os custos de produção – grãos e boi gordo pressionam as margens. Entre abril e junho, a Seara registrou uma margem Ebitda de apenas 9%, queda significativa ante os 16,9% registrados em igual intervalo do ano passado. O negócio brasileiro de carne bovina – que também inclui couro e subprodutos – teve uma margem de apenas 3,4%, queda de mais de dez pontos na comparação anual. De acordo com Tomazoni, a Friboi já apresenta sinais de recuperação. No primeiro trimestre, a margem havia sido de só 2%.
A pressão de margens dos grãos sobre a Seara não é uma preocupação para Tomazoni. Para ele, o mais importante é ganhar a preferência do consumidor. Em congelados, a marca conseguiu ampliar a liderança sobre a Perdigão mesmo reduzindo a diferença de preço médio ante o produto da concorrente.