“O quadro geral foi interessante para a implantação desta safra, nos moldes do observado na temporada passada, combinando boa oferta de crédito, preços excepcionais observados nas principais culturas durante 2022 e sentimento de renda ainda favorável para 2023, apesar da redução nos preços da maior parte das culturas”, observa Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de pesquisa da DATAGRO Grãos.
A análise indica uma área de 79,40 milhões de hectares para 2023, incremento de 3,7% ante o ano passado. A produção total de grãos está avaliada em 324,30 milhões de toneladas, acima da projeção anterior, de 319,78 mi de t, e alta de 12% sobre a frustrada, mas ainda recorde safra de 2022, quando foram colhidas 288,56 mi de t (dados revisados). “Esse volume acontece em linha com o aumento da área semeada e produtividade média dentro da normalidade, contando com comportamento climático regular e positivo nível de utilização de insumos”, destaca França Junior.
O nível tecnológico utilizado nas lavouras é uma das justificativas para os positivos números dominantes de produtividade. Mesmo com a elevação nos valores dos insumos, principalmente fertilizantes e químicos, os agricultores não enfrentaram grandes problemas, já que os preços médios recebidos seguem, em sua maioria, acima do padrão histórico – apesar de, em grande parte, recuarem ante 2022 –, garantindo, dessa forma, renda positiva.
Além disso, a despeito do terceiro ano seguido sob impacto do fenômeno La Niña, as anomalias climáticas ficaram limitadas à metade oeste do Rio Grande do Sul. “Com isso, a safra 2022/23 no geral foi beneficiada pela regularidade das chuvas e temperaturas”, explica o líder de pesquisa da DATAGRO Grãos. Ainda resta a finalização do plantio e o desenvolvimento das lavouras de inverno, mas, por enquanto, não há sinalização de maiores complicações.
Entre os cereais, destaque para o milho, cuja produção é estimada pela DATAGRO Grãos em 129,54 mi de t, somando as safras de verão e inverno, 7% a mais na comparação com 2022. Em relação à área, projeta-se 23,12 mi de ha, contra 23,0 mi de ha na temporada anterior.
No âmbito das oleaginosas, a produção de soja é apontada em 155,91 mi de t, incremento anual de 19%, em uma área de 44,36 mi de ha (+5%).