A JBS, uma das maiores empresas de proteína animal do mundo, encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 3,84 bilhões, resultado 571% superior ao lucro de R$ 572,7 milhões registrado no mesmo período de 2023. O resultado acima da expectativa fez a empresa a elevar suas projeções de receita e lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para o ano.
Em relatório, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que o desempenho no trimestre foi resultado da forte demanda global por proteínas, melhora nos custos com a queda nos preços dos grãos e melhora na gestão do mix de produtos e mercados. “Nos resultados da JBS no terceiro trimestre de 2024, registramos crescimentos em todas as unidades de negócios. Mais uma vez, foi ressaltada nossa estratégia de diversificação geográfica e de plataforma multiproteína, impulsionada por investimentos em inovação e na construção de marcas fortes, consolidando um portfólio de maior valor agregado”, afirmou o CEO.
O Ebitda ajustado da empresa aumentou 120,7%, para R$ 11,94 bilhões. A margem Ebitda ajustada cresceu 4,9 pontos percentuais, para 10,8%. A receita líquida totalizou R$ 110,5 bilhões, um crescimento de 20,9% em relação ao terceiro trimestre de 2023. No período, 74% das vendas globais da JBS foram feitas nos mercados em que a companhia atua e 26% foram exportações. A despesa financeira líquida foi de R$ 1,1 bilhão, 17% abaixo do registrado no terceiro trimestre do ano passado.
De acordo com a JBS, os negócios de aves e suínos no Brasil e nos Estados Unidos superaram as expectativas. As unidades de negócios da Seara e da Pilgrim’s Pride Corporation tiveram performance acima do esperado, com aumento de vendas internas e externas, custos menos pressionados e queda no valor dos grãos. No Brasil e nos Estados Unidos, os negócios de carne suína cresceram, principalmente em produtos de valor agregado da JBS Pork e Seara.
A Seara teve avanço de 19,2% em receita, para R$ 12,17 bilhões, e de 351,6% no Ebitda ajustado, para R$ 2,56 bilhões. A Pilgrim’s Pride teve aumento de 19,5% em receita, para R$ 25,40 bilhões, e de 96% no Ebitda ajustado, para 4,30 bilhões.
A JBS informou que o desempenho foi favorecido pela diversificação de portfólio e, no caso de Seara, pelo retorno do investimento das novas unidades de empanados de frango. A JBS USA Pork teve crescimento de 14,5% em receita, para R$ 11,33 bilhões. O Ebitda ajustado subiu 34%, a R$ 1,37 bilhão.
No segmento de carne bovina, o mercado segue equilibrado com a fase favorável da proteína no Brasil, enquanto o ciclo pecuário nos Estados Unidos segue desafiador.
A JBS Brasil fechou o trimestre com receita líquida de R$ 18,1 bilhões, crescimento de 25%. O Ebitda ajustado avançou 332%, para R$ 2,1 bilhões. No mercado externo, a receita líquida de carne bovina cresceu 34%, como resultado do volume 20% maior no período. Além da forte demanda internacional, a diversificação geográfica também ajudou a sustentar os resultados, segundo a empresa. No trimestre, houve ampliação de vendas para Oriente Médio, EUA e Filipinas. No mercado doméstico, também houve crescimento.
A JBS Austrália apresentou aumento de 28,7% na receita líquida, para US$ 9,9 bilhões, e de 45,5% no Ebitda ajustado, para R$ 966,8 milhões). A operação da JBS Beef North America teve alta de 20,5% na receita, para R$ 35 bilhões, e de 29,4% no Ebitda ajustado, para R$ 650,7 milhões.
O fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 10,3 bilhões — havia sido de R$ 6,3 bilhões um ano antes, resultado da melhora na performance operacional em quase todas as unidades de negócios. A geração de caixa livre cresceu 88%, para R$ 5,5 bilhões.
A dívida líquida da JBS totalizou R$ 74,75 bilhões, 7% abaixo do registrado no mesmo intervalo de 2023. Em dólares, a queda foi de 14,5%, para US$ 13,72 bilhões, resultado puxado pela forte geração de caixa do trimestre. A alavancagem — relação entre dívida líquida e Ebitda — ficou em 2,15 vezes em dólar — havia sido de 2,77 vezes um ano antes. Com isso, a JBS antecipou a desalavancagem projetada para o fim do ano.
A companhia informou que segue focada no crescimento por meio da diversificação, inovação, produtos de valor agregado e marcas fortes, com destaque para o recente anúncio de investimento para expandir a produção de salmão da Huon Aquaculture, na Austrália. Em Jeddah, na Arábia Saudita, a empresa finaliza a construção de uma nova unidade da Seara, que quadruplicará a capacidade de fabricação de produtos de valor agregado no país.
A JBS acrescentou que segue focada em melhorar a execução operacional e comercial para proteger a rentabilidade.
Por conta dos resultados do terceiro trimestre, a JBS elevou as projeções para o ano. A companhia estima receita de US$ 412 bilhões (US$ 77 bilhões), ante estimativa divulgada em setembro de R$ 409 bilhões (US$ 76 bilhões) — avanço de 0,7%. A estimativa de Ebitda ajustado foi atualizada para uma faixa de
R$ 37 bilhões (US$ 6,9 bilhões) a R$ 38 bilhões (US$ 7,1 bilhões), ante previsão anterior de R$ 33 bilhões (US$ 6,2 bilhões) a R$ 36 bilhões (US$ 6,7 bilhões) — incremento de 2,8% a 5,6% entre o valor mínimo e o máximo da faixa.
Dividendos
O conselho da administração da JBS aprovou nesta quarta-feira a distribuição de R$ 2,221 bilhões em dividendos intermediários à conta do saldo das reservas de lucros apurado no balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2023. O pagamento será efetuado em 15 de janeiro de 2025.
Segundo a JBS, o valor dos dividendos por ação é estimado e poderá sofrer variação em razão de eventual alteração do número de ações em tesouraria.