Medidas de biosseguridade eficazes vão assegurar a sanidade do plantel e um produto de qualidade para o consumidor final. Esse cuidado deve passar por todas as etapas de produção, mas começa ainda na fábrica de ração. O médico veterinário Gustavo Simões discutiu, na programação desta quinta-feira (15) do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) sobre os principais riscos de contaminação e formas de prevenir a transmissão de patógenos.
Para evitar que haja contaminação, é preciso antecipar ações de prevenção. “A partir do momento em que a ração já está dentro do caminhão, não tem mais nenhuma ação de mitigação de risco que possamos fazer na granja. Então, a ração é de extrema importância nesse sentido, porque vai diretamente para a alimentação do animal”.
Na fábrica, as ações de mitigação devem ir da recepção dos ingredientes até a entrega. Por isso, Simões apresentou um programa de biossegurança, razões para investir na proteção das fábricas, bem como métodos para prevenir que esses patógenos contaminem a ração.
A ração contaminada pode provocar doenças, mortalidade e trazer enormes prejuízos para a cadeia produtiva. As estratégias de biosseguridade, neste caso, exigem atenção para diversos processos que podem trazer riscos. Entre eles, o médico veterinário citou o tráfego cruzado de veículos, o tráfego de pessoas sem restrição, a falta de controle efetivo de pragas, principalmente roedores, frequência inadequada de limpeza das linhas de ração e do caminhão de entrega.
De acordo com Simões, para mitigar o risco há diversas ações a serem tomadas, como aumentar o estoque para reduzir a frequência de recebimento, manter as áreas de recebimentos sempre limpas, definir linhas limpas e sujas para controle do tráfego de pessoas, uso de botas descartáveis pelos motoristas, fumigação dos ingredientes importados e fazer um monitoramento, com auditoria anual da fábrica de rações.
“A ração e os ingredientes são um dos muitos vetores potenciais de contaminação, mas a magnitude da infecciosidade é muito elevada, pois a ração pode ser levada para muitas granjas sem que se saiba que ela está contaminada e na hora que isso for identificado pode ser tarde para fazer o controle. Para mitigar esse problema o foco deve estar na atenção com as origens dos ingredientes, no retorno dos caminhões das unidades de produção e na balança de pesagem de animais próximo a fábrica, que deve ter seu uso repensado”, concluiu o especialista.
SEGURANÇA NAS GRANJAS
A médica veterinária Isis Mariana Pasian destacou a biossegurança nas granjas e formas de combater a presença de roedores nesses espaços. Isis salientou que o controle desses vetores ainda é um grande desafio para os produtores, mas medidas de prevenção e correção devem ser adotadas para impedir a disseminação de doenças.
Um programa integrado para controlar esses vetores exige, segundo Isis, inspeção e identificação de sinais que indiquem a presença de roedores, adoção de medidas ambientais, controle químico com desratização e gestão estratégica.
Entender como os roedores agem, com base na biologia desses seres, é a primeira forma para combatê-los. Hoje, um dos principais erros cometidos nas granjas é a falta de uma cerca antirroedores. “Uma cerca bem-feita, com aceiro, vai fazer com que o roedor se sinta menos confortável em ultrapassar essa barreira, por ser uma presa facilmente visualizada por predadores”.
Outro erro comum é a exposição de alimentos, pois a ração solta, caindo do silo, pode atrair esses animais. Um controle de pragas mal feito também pode ser um problema. “É fundamental reforçar o monitoramento e a troca de iscas, deixando um profissional responsável por essa função e que seja feita uma rotina de revisão desses pontos a cada 7 a 15 dias”.
“Precisamos conscientizar os produtores para que reforcem as medidas de segurança. Os roedores podem danificar as instalações, contaminar alimentos e, o mais preocupante, transmitir doenças, danos que podemos evitar com boas práticas de controle”, destacou a médica veterinária.