Neste século XXI, falar de safra e entressafra da carne soa um tanto fora de moda, pois, afinal, métodos de produção e manejo continuamente atualizados vêm minimizando cada vez mais aquelas variações na oferta determinadas pelas Estações do ano. Variações – ressalte-se – com dupla influência nos preços, tanto sobre os animais vivos, como sobre a carne deles proveniente.
Assim, comparativamente a décadas passadas, as quedas de preço observadas no período de safra (passagem do Outono para o início do Inverno) têm sido mais suaves. Mesmo assim, a sazonalidade ainda prevalece.
Isso é observado ao se analisar o comportamento mensal do boi e do frango em, praticamente, duas décadas (2005/2023): após encerrarem o exercício com valorização de, respectivamente, 10% e 15% em relação à média do ano anterior, ambos iniciam novo ano com preço inferior ao de dezembro (desempenho que pode ser considerado desdobramento natural de um pós-Festas) e seguem perdendo preço até quase metade do ano. A reversão só ocorre a partir de junho.
Nestes casos, as perdas ora observadas vêm sendo relativamente pequenas. Mesmo assim o frango, por exemplo, alcança nos sete primeiros meses do ano valor, em média, apenas 2% superior à média do ano anterior. Já no últimos cinco meses do ano (setembro a dezembro) esse índice sobe para 15%, com pico de preços entre outubro e novembro.
O comportamento do suíno (cujos dados disponíveis abrangem um período mais curto, 2011 a 2023 – 14 anos) não é muito diferente. Mas enfrenta recuos de preço bem mais graves. Tanto que – frente ao parâmetro adotado – seu valor médio nos sete primeiros meses do ano fica 6% abaixo da média do ano anterior. Por outro lado, a média dos últimos cinco meses do ano supera em 8% a média do ano anterior.
Tal situação se repete ao adotarem-se outros parâmetros para avaliação do comportamento dos preços no decorrer do ano. O que muda, apenas, é a escala, pois, em geral, os preços retraem-se até, aproximadamente, o mês de maio, iniciando a seguir um processo de reversão que, normalmente, estende-se até o final do exercício.
Isso posto, não será anormal ocorrer algum decréscimo de preço neste e nos próximos três meses. Independentemente, até, da evolução do consumo interno e das exportações de carnes.