Pedido veio de produtores locais impactados pelos altos preços do grão.
A suinocultura mato-grossense está em alerta pelo elevado custo de produção com a alimentação dos animais. O preço do milho atingiu o recorde de R$ 81,48 a saca de 60 quilos e não há expectativa de redução após a colheita da safra 2020/2021. O estado projeta colher 34,6 milhões de toneladas do grão mas, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 54,7 % da nova safra já havia sido vendida até o último dia 13 de outubro, índice 30,5% superior ao registrado em igual período do ano passado, quando a comercialização do grão estava 76% acima da média histórica.
Preocupado com a situação um suinocultor procurou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e solicitou que fosse aumentada a oferta de milho no Estado. O órgão realizará, nesta quarta-feira (06), um leilão para compra e entrega futura de seis mil toneladas de milho em grãos tipo 1, da safra 2020/2021. De acordo com o edital, o preço máximo de aceitação para fechamento da compra será de R$ 0,7167/kg (equivalente a R$ 43,00 a saca de 60 kg), para o produto posto no armazém indicado, valor bruto com os impostos a descontar.
De acordo com a Superintendente regional da Conab em Mato Grosso, Francielle Tonietti Capilé Guedes, o suinocultor apresentou à estatal uma demanda com a quantidade que ele estaria disposto a comprar e o preço máximo que poderia pagar. “Recentemente apresentamos às associações que representam os segmentos do agronegócio a possibilidade de a Conab intermediar a relação entre o comprador e o vendedor através do Leilão Pra Você, que é o que aconteceu neste caso. Reforçamos ainda que a instituição realiza uma espécie de assessoria para o comprador com relação aos preços, em que é feita uma análise de mercado para saber qual o valor compatível na data futura que está sendo realizado o leilão”, explicou.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Itamar Canossa, destaca que o setor sente a alta dos preços dos insumos desde o início da pandemia e o custo da produção é algo preocupante para o início de 2021. “Não só o milho, mas o farelo de soja também valorizou muito no último ano. Ambos são os principais componentes da alimentação dos animais. Este leilão realizado pela Conab será uma forma de os suinocultores se anteciparem e tentarem garantir pelo menos uma parte dos insumos para os próximos meses com um preço melhor”, afirmou.
Em Mato Grosso a produção de carne suína saltou de 19 mil para mais de 210 mil toneladas entre 2000 e 2017 e 224 mil toneladas em 2018. São mais de 41 mil granjas e 117 mil matrizes. O rebanho suíno total ultrapassa os 2,9 milhões de cabeças.