Considerados os preços médios alcançados em 2022, na produção animal apenas o frango vivo superou a inflação (IPCA) do exercício. Mesmo assim, toda a evolução registrada esteve concentrada no primeiro semestre, porquanto o preço médio da segunda metade do ano foi inferior àquele alcançado em idêntico período de 2021.
O boi em pé, após avanço significativo nos dois anos anteriores (38% em 2020; 35% em 2021), apresentou em 2022 incremento moderado, pois na média seus preços avançaram perto (mas abaixo) de 2,5%. De toda forma, foi um desempenho bem melhor que o do suíno, cujos preços, em 2020, haviam aumentado 35% (além de outros 10% em 2021): acabou fechando 2022 com um valor 4,15% inferior ao do ano anterior.
Desempenho igual teve o milho, cujo preço médio no ano recuou pouco mais de 3%. Não foi um mau resultado se considerado que no primeiro ano da pandemia (2020) acumulou aumento de 46%, índice que, com a guerra na Ucrânia, foi adicionado de outros 55% em 2021.
Mas o melhor desempenho – não apenas em 2022, mas no quadriênio analisado – foi o do farelo de soja. Em 2020 seu preço experimentou aumento de 56%, sendo seguido por outros 31% no ano retrasado. Em 2022, em condições mais moderadas, teve seu preço corrigido em, praticamente, 10%, com isso superando a inflação do exercício.
Mas se os ganhos e perdas anuais são relativamente baixos, para a produção animal a situação se mostra gravíssima ao comparar-se o desempenho de 2022 com aquele observado em 2019, ano pré-pandemia e sem, ainda, uma guerra na Europa. Porque, em essência, os produtos-base da alimentação animal, ao passarem a acompanhar as cotações internacionais, acumularam alta que o consumo interno não consegue e nem pode acompanhar, por falta de poder aquisitivo.
Assim, o valor alcançado pelo farelo de soja em 2022 foi mais de 125% superior à média de 2019, índice não muito diferente do apresentado pelo milho, que aumentou quase120%. Azar, frente a esse quadro, de avicultores, suinocultores e pecuaristas. Porque o preço do boi em pé foi corrigido em não mais que 90%, o do frango vivo em, aproximadamente, 75%, e o do suíno em apenas 40%, ou seja, cerca de um terço do aumento obtido por suas principais matérias-primas.