Diante do cenário econômico mundial, com os altos valores dos insumos utilizados na produção de proteína animal, é crescente a busca por tecnologias que recuperem os investimentos, reduzam o impacto ambiental e consequentemente aumentem a renda do produtor rural. O Instituto de Zootecnia em parceria com a empresa JL Tecnologia Ambiental (JLTEC) desenvolveram o Sistema FLOTUB que atende tanto o tratamento de efluentes e a valoração dos coprodutos, quanto promove a recuperação de nutrientes.
O sistema também permite estudos avançados em nutrição de precisão, bem como na produção de bioefertilizantes, tratamento da água e produção de energia. A otimização do manejo nutricional, por exemplo, possibilita diminuir o desperdício de alimentos diminuindo os custos de produção. A pesquisadora Dra. Simone Raymundo de Oliveira do Instituto de Zootecnia salienta que dos 63 aos 147 dias de idade o desperdício de alimentos por um único suíno gira em torno de 11,30 kg de farelo de soja e 38,54 kg de milho.
A tecnologia de tratamento de efluentes (fezes, urina, água de limpeza) permite a geração de renda extra a partir da produção de biogás, geração adubos (de composto orgânico e biofertilizante) e água de reuso, além de gerar créditos de carbono para o produtor. O funcionamento do sistema se dá em várias etapas. A primeira etapa do sistema consiste na retirada do material sólido (composto orgânico) do efluente e a parte líquida vai para o biodigestor por um período de no mínimo 30 dias, ocorrendo a geração de biogás. Nas etapas seguintes do processo, o material passa por digestão aeróbica, floculação e clarificação (que é a retirada do lodo da fase líquida). Por fim, a água de reuso que provém da clarificação do efluente, seguida de desinfecção e posterior avaliação microbiológica e físico-química, é armazenada para reuso.
“Apenas com a produção de biogás é possível obter o equivalente a 55 botijões de gás (GLP_ P-13) por ano a partir dos efluentes de uma única matriz, além da recuperação de 70% da água contida nos dejetos”, ressalta a Dra. Simone. O material que iria para o esgoto poluindo recursos hídricos e emitindo gases poluentes passa a gerar energia que pode abastecer a propriedade ou ainda ser comercializada.
Além de garantir mais renda ao produtor estas tecnologias reduzem o impacto ambiental por requerer menos alimentos para os suínos, produzindo menos dejetos, diminuindo a pegada hídrica e a pegada de carbono, produzindo energia limpa, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa. A produção sustentável agrega valor ao produto e melhores preços no mercado, além de ser um incentivo ao consumo de suínos para pessoas preocupadas com a preservação do Meio Ambiente, ou seja, é a real pecuária de baixo carbono sendo promovida pelas pesquisas do Instituto de Zootecnia.