A iniciativa desenvolvida junto à Universidade do Vale do Taquari (Univates) recebeu o reconhecimento do Governo Federal na última quinta-feira (28)
De forma pioneira, mostrando todo o potencial sustentável da suinocultura, o frigorífico Nutribras Alimentos, parceiro da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e contribuinte do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), ao lado da Universidade do Vale do Taquari (Univates), desenvolveu o projeto que possibilitou a circulação do primeiro caminhão movido a biometano suíno do país, combustível limpo proveniente do biogás obtido através dos dejetos dos suínos.
O diretor presidente da Nutribras Alimentos, Paulo Lucion, explica que desde o início de suas atividades a Nutribras sempre acreditou na sustentabilidade como base para um crescimento consistente. “Em 2001 as granjas de suínos já começaram a utilizar Biodigestores para o tratamento dos resíduos orgânicos. Com esta ferramenta transformamos o possível passivo ambiental em dois poderosos ativos ambientais: o Biogás, que evita os efeitos negativos da emissão de gases na atmosfera e diminui os custos com energia elétrica, e o Biofertilizante, que serve de adubo orgânico para a agricultura, evitando os resíduos deixados pelo adubo químico e potencializando a fertilidade do solo através do aumento de matéria orgânica. Assim, criamos um ciclo autossustentável, pois os suínos são alimentados com rações à base de milho e soja, e os rejeitos orgânicos da produção da carne suína, retornam a Cadeia Produtiva através de adubação orgânica, geração de energia e combustível veicular.”
A novidade foi apresentada para a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante visita oficial ao estado do Mato Grosso, na última quinta-feira (28). Na ocasião, a Ministra chamou atenção para o projeto em seu Instagram. “Vejam que interessante: o 1º caminhão movido a biometano oriundo de granja de suínos do Brasil. Entre uma agenda e outra lá em Sorriso (MT), conheci esse projeto inovador e muito sustentável durante uma visita a um frigorífico da cidade. Lá, eles utilizam biodigestores para tratar os resíduos orgânicos provenientes da produção de carne suína. Com isso, é possível obter biogás para geração de energia e também os biofertilizantes, que servem como adubo. Com pesquisa e desenvolvimento, o biogás é transformado em biometano, um biocombustível que tem potencial para substituir o gás natural veicular, o GNV. E a ideia é adaptar o biocombustível para mais veículos da agroindústria.”
De acordo com a Nutribras, o próximo passo é transformar o protótipo desenvolvido experimentalmente em uma Unidade de Abastecimento, e, em breve, a empresa terá seus veículos leves, ônibus, caminhões e também tratores, todos movidos a biometano. O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, parabeniza a iniciativa e ressalta que esse é um incentivo para toda a cadeia. “É através desse tipo de trabalho que conseguimos mostrar que a suinocultura é limpa, sustentável e cheia de potencial para gerar ainda mais benefícios para o nosso país.”
A Univates
Na Univates, os estudos na área de biogás são realizados há mais de 15 anos, sob coordenação do professor doutor Odorico Konrad, referência no assunto. O projeto está relacionado a pesquisas e atividades desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Universidade e também está vinculado ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), onde são realizadas pesquisas na área de energias renováveis, especificamente na geração de biogás por meio do processo de biodigestão anaeróbia. Além disso, realizam-se avaliações em biogás empregando como fontes de biomassa oriundos de estações de tratamento de efluentes, borras residuais e resíduos de atividades agrícolas, como dejetos de animais.