A Rússia precisa criar uma reserva estatal de produtos de carne e banir totalmente as importações de carne, inclusive dos países considerados amigos, para equilibrar os mercados domésticos de aves e suínos, conclama Yevgeny Savchenko, senador russo.
“Em primeiro lugar, criaremos uma reserva alimentar estratégica urgentemente necessária na situação atual. Em segundo lugar, o excedente de aves e suínos, que é de cerca de 1 milhão de toneladas, será garantido por vendas domésticas não dependentes de restrições externas”, disse Savchenko, acrescentando que o governo deve criar “uma ferramenta eficaz de intervenção antinflacionária para regular os preços no mercado de produtos cárneos para o futuro”.
A proibição deve ser absoluta e abranger todas as importações de carne, inclusive de países da América do Sul, segundo Savchenko.
Dmitry Patrushev, chefe do Ministério da Agricultura da Rússia, disse que após uma série de contratempos em 2021, associados principalmente a uma situação epizoótica desfavorável, a produção de carnes russa mostra uma dinâmica positiva e deve atingir 16 milhões de toneladas este ano. Ele acrescentou que o nível de autossuficiência em carne ultrapassaria 100% em 2022.
Uma ideia perigosa
Sergey Yushin, diretor executivo da Associação Nacional Russa de Carne, criticou a ideia de proibir totalmente as importações de carne, enfatizando que tal medida prejudicaria a indústria de carnes local.
“Em todo o mundo, algo está sendo vendido e algo está sendo comprado. Muitos países, como a Rússia, podem se abastecer de carne, mas temos um comércio bilateral ativo com eles. Ao aderir à OMC, a Rússia assumiu certas obrigações que devem ser cumpridas. Deve-se supor que Savchenko propôs proibir as importações da amiga Bielorrússia, da qual importamos mais de 60% de aves e 40% de carne bovina”, disse Yushin, acrescentando que as restrições às importações podem implicar retaliação de alguns países, prejudicando as exportações de carnes da Rússia.
“Quando queremos proibir algo, devemos entender que podemos bloquear simultaneamente o fornecimento de [nossa] carne no exterior. Por exemplo, praticamente não há consumo de pés de frango na Rússia, enquanto na China é uma iguaria. Em caso de proibição de importação, podemos perder o mercado chinês”, disse Yushin.
“Não devemos esquecer que as negociações sobre o acesso aos mercados de outros países para nossos produtos cárneos às vezes duram de 7 a 8 anos com o envolvimento dos principais líderes do país. É tolice perder tais conquistas”, acrescentou.