As pesquisas para a produção de cereais de inverno na região Sul ganham força e os primeiros resultados animam o setor produtivo catarinense. Os experimentos, realizados em parceria entre Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e cooperativas, buscam avaliar o cultivo de trigo, triticale e centeio na entressafra do arroz. A intenção é aumentar a renda dos produtores, que terão duas colheitas por ano, e reduzir a dependência de milho para alimentação animal.
Nesta segunda-feira, 30, o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, e o secretário adjunto Ricardo Miotto acompanharam o andamento do projeto em Jacinto Machado, feito com o apoio da Cooperativa Agroindustrial Cooperja.
“Nós desafiamos a nossa equipe para que fossem desenvolvidas pesquisas na área de produção de cereais de inverno. E no campo experimental da Cooperja conseguimos ver de perto o desenvolvimento do trigo, triticale e centeio, inclusive nas áreas de várzea. Estamos percebendo que a região Sul pode ser sim um grande polo produtor de cereais de inverno. O avanço das pesquisas irá permitir que, após a colheita do arroz, os produtores ocupem novamente as áreas nos meses mais frios do ano, trazendo também um incremento na renda das famílias rurais”, ressalta Altair Silva.
Após aceitar o desafio proposto pela Secretaria da Agricultura, a Cooperja e a Epagri implantaram um campo experimental para pesquisa de cereais de inverno. A área conta com 22 cultivares de trigo, 5 de triticale e 3 de centeio que serão avaliados quanto ao desenvolvimento, produtividade e adaptabilidade na região. No local há ainda quatro variedades de trigo selecionadas mais tolerantes à umidade, que foram implantadas em áreas de várzea, onde antes tinha sido plantado soja.
O gerente do Campo Demonstrativo, Jian Izidro, explica que até o momento o experimento está evoluindo e as expectativas estão na colheita. “Outra possibilidade que estamos avaliando é a produção de trigo para produção de silagem e de aveia branca para colheita de grãos, também em áreas antes ocupadas por arroz e terras altas. Essas plantas de cobertura durante o inverno contribuem para um sistema mais sustentável em reciclagem de nutrientes, umidade do solo, estrutura física, controle de plantas daninhas e sistematização para o plantio direto”.
Pesquisa focada em aumentar a produção de cereais de inverno
As pesquisas para avaliar o desempenho de cultivares de trigo, triticale e centeio fazem parte do Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos e ocorrem em cinco regiões catarinenses. O objetivo é avaliar quais são os melhores cultivares e como eles se adaptam em diferentes condições de solo e clima. Além de Jacinto Machado, as áreas foram implantadas nos municípios de Chapecó, Canoinhas, Rio do Sul, Turvo e Campos Novos, onde serão avaliados cerca de 30 cultivares em diferentes solos e climas. A ação conta com o apoio da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil), Cooperativa Regional Agropecuária Sul Catarinense (Coopersulca), Cooperalfa e Cooperativa Agroindustrial Cooperja.
“Os experimentos servirão ainda para que os técnicos acompanhem o desenvolvimento das culturas e adquiram o conhecimento necessário para que possam passar uma informação de qualidade para os produtores rurais da região”, destaca o gerente regional da Epagri de Criciúma, Edson Borba Teixeira.
Importância de investir na produção de cereais de inverno
O grande esforço de Santa Catarina para aumentar o cultivo de cereais de inverno se dá pelo imenso consumo de milho da cadeia produtiva de carnes e leite. O agro catarinense consome mais de sete milhões de toneladas do grão por ano e grande parte desse volume é importado de outros estados ou países. Na safra 2020/2021, as lavouras do estado sofreram com a estiagem prolongada, além dos ataques da cigarrinha-do-milho, e a produção acabou com uma queda de 27%. As estimativas do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) apontam para uma colheita de 1,8 milhão de toneladas, sendo necessário importar cerca de 5,5 milhões de toneladas do grão este ano.
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