A história da São Salvador Alimentos, vencedora da categoria Aves e Suínos do Melhores do Agronegócio, começou no início dos anos1970, quando o agricultor Carlos Vieira da Cunha decidiu criar frangos. Em 1991, ele inaugurou o primeiro frigorífico, em Itaberaí (GO), e se tornou sócio do empreendedor (e genro) José Carlos de Souza, conhecido como Zé Garrote.
“Meu pai iniciou o negócio abatendo 2.500 aves por dia. Ao longo dos anos, verticalizou a empresa para ter o ciclo completo, com fábrica de ração, armazéns de grãos, incubatório, granjas de matrizes. Hoje, abatemos 430 mil aves por dia”, relata Hugo Perillo Vieira e Souza, de 37 anos, que assumiu em 2020 o cargo de CEO da São Salvador Alimentos (SSA).
O executivo conta que o pai “não dava moleza” para ele e os irmãos. “Eu passava as minhas férias escolares na granja e no frigorífico, acompanhando a rotina diária da empresa.” Suas irmãs também trabalham na empresa, dirigindo o RH e o setor jurídico. Perillo afirma que a São Salvador Alimentos contratou consultoria e investiu muito em governança para formar sócios, e não apenas herdeiros do negócio. A sucessão foi acelerada pela pandemia, já que a primeira geração teve de se ausentar.
Com duas marcas e duas modernas indústrias em Goiás, mais de 200 produtores integrados e habilitação para exportar para mais de 170 países, a empresa, de capital fechado, completou 30 anos em 2021, com um faturamento de R$ 2,8 bilhões, crescimento de 38% na receita e perspectiva de romper os R$ 3 bilhões em 2022. “Meus pais estão no conselho de administração, somos uma empresa familiar com padrões ESG acima da média e com um faturamento que cresce anualmente”, diz o CEO, ressaltando que, em 2021, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 561 milhões foi o melhor da história da companhia.
Segundo ele, a relação entre o preço do frango e o da carne bovina esteve bem baixa, mas se recuperou. Neste ano, a queda de preço da ave se acentuou até fevereiro, com o excesso de oferta de bois no mercado e o alto valor das commodities, usadas na ração. “O mercado começou a voltar ao normal, já chegamos ao padrão SSA [se refere ao nome da empresa] e esperamos uma boa recuperação, porque o custo da produção está praticamente dado com o encerramento da atual safra de milho.”
Para 2023, a expectativa é de estabilização de custos e melhoria nas margens. “A macroeconomia do Brasil está melhor, com taxa de emprego positiva e a inflação controlada. Devemos surfar uma boa onda da economia brasileira.” E os investimentos, que segundo o executivo sempre fizeram parte do DNA da empresa, não devem parar. “Nos últimos dez anos, investimos mais de R$ 1 bilhão, inauguramos o segundo frigorífico em Nova Veneza, que iniciou as atividades com abate de 55 mil aves por dia, passou para 80 mil neste ano e tem capacidade de atingir 160 mil. Nos próximos cinco anos, a previsão é investir até R$ 1,5 bilhão, instalar uma nova fábrica de processados, construção de aviário se aumentar o portfólio de produtos”.
As exportações de cortes de frango iniciadas em 2005 representam hoje 30% do faturamento da São Salvador, que atende 35 países, com destaque para Ásia (Japão e Coreia do Sul), Oriente Médio e Europa. Perillo acredita que os problemas sanitários enfrentados pela Europa neste ano podem abrir mais mercados para a carne de frango brasileira, mas diz que esse não é o foco da empresa, que, por uma questão de volume, prefere escolher e ser fiel a seus clientes no exterior. No mercado interno, o plano também não é atender todo o país, e sim vender para os mercados regionais de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Centro Oeste e Região Norte.
Aquisições não estão nos planos da São Salvador. A marca Boua, criada em 2014 para comercializar embutidos de suínos, peixes, batatas fritas, lácteos e alimentos plant-based produzidos por parceiros, representa 12% do faturamento da empresa e abriu caminho para a marca original – Superfrango, que já comercializa 25% de produtos processados – agregar valor.