Comércio internacional foi tema explanado pelo médico veterinário Dilvo Casagranda
O Brasil possui 93 mercados internacionais abertos, mas para manter e ampliar esse número precisa superar alguns desafios. O médico veterinário e gerente de mercado internacional da Aurora Alimentos, Dilvo Casagranda, abordou o tema na palestra “Mercado externo: próximas tendências, países clientes potenciais e exigências destes países”, nesta terça-feira (10), durante a programação científica do 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS). O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e segue até quinta-feira (12), totalmente on-line.
O especialista frisou que o mercado precisa ser avaliado antes do episódio China e após aquele país ter sito altamente prejudicado pela Peste Suína Africana (PSA). Casagranda apresentou alguns dados referentes ao período entre 2010 e 2019: o crescimento da produção de suínos no Brasil foi de 27%, o consumo per capita de 8% e as exportações cresceram 38%. Alguns fatos marcantes dessa década foram: grande avanço tecnológico na cadeia produtiva e o Brasil passou a acessar mercados específicos importantes (como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos), sendo que o reconhecimento de Santa Catarina como livre de febre aftosa sem vacinação contribuiu. “Para a China o mercado estava aberto, mas com algumas limitações em relação ao número de plantas habilitadas. Com o surto de PSA na China em 2018, o mercado expandiu significativamente”, expôs.
De acordo com o palestrante, o Brasil soube aproveitar uma oportunidade. Porém, saiu da dependência da Rússia, que passou de importador para exportador de carne suína, para dependência da China, que atualmente responde por 53% das exportações de carne suína brasileiras. “Agora é preciso olhar para frente. A suinocultura brasileira terá grandes desafios e as principais respostas passam pelo cenário China, mas quando se fala em China tudo é uma interrogação”, comentou, ao acrescentar que o país asiático recuperou sua produção. “A China voltou a ter 45 milhões de matrizes e concluiu a fazenda vertical mais alta do mundo para suínos, edifício com 26 andares, e deve começar a produzir nesse sistema em setembro deste ano. Fica a pergunta: é melhor ou terá mais dificuldade para controle sanitário? O resultado veremos na prática nos próximos anos”, explanou Casagranda.
Para o especialista, o trade de mercado atual do Brasil é importante, mas é preciso olhar para outros países. “Tivemos sorte com a China e, para mim, sorte é a somatória de competência com oportunidade. Crescemos, mas estamos vulneráveis. Os maiores importadores são China Japão, México, Coreia do Sul e Estados Unidos. Somos praticamente insignificantes nesses mercados, com exceção da China, e aí está a árdua tarefa que temos pela frente”, sublinhou, ao explicar que o Brasil precisa definir onde quer ser competitivo e construir acordos comerciais, destravando barreiras comerciais e sanitárias. “Sabemos que acordos comerciais internacionais não se definem em uma semana, um mês, muitas vezes um ano não é suficiente. As interações internacionais são de longo prazo, existem todas as etapas dentro dos órgãos que precisam ser cumpridas. É preciso de muito trabalho, organização e paciência”. Para superar os desafios, Casagranda destacou a importância da sincronia entre todos os elos da cadeia produtiva, para atendimento às especificidades das demandas dos mercados.
Além do mercado internacional, é preciso olhar para o mercado interno, onde o consumo per capita está estabilizado entre 15 kg e 16 kg por ano. Segundo o especialista, é fundamental promover campanha para melhorar o consumo doméstico de carne suína.
Casagranda ressaltou a importância de manter o status sanitário de excelência do Brasil para manter e ampliar o mercado. “O desafio é para ser superado, mas só se consegue com esforço e competência. A sanidade é nosso passaporte, vamos preservá-la. O resto, daremos um jeito, mas a sanidade precisa estar acima, senão nosso passaporte não será carimbado. Somos muito capazes, temos a habilidade de adaptação e precisamos melhorar um pouco no entendimento das culturas de outros países para cumprir os acordos e exigências dos países. Isso nos dará vida longa e ganho de mercado”, concluiu o palestrante.
Novas tecnologias são imprescindíveis para a produtividade na suinocultura
A criação de suínos no Brasil carrega reconhecimento mundial. Apesar de ganhar todo esse respaldo do mercado, é sempre necessário traçar novas metas e buscar constantemente ganho em eficiência e produtividade. As novas tecnologias aplicadas na suinocultura são aliadas para essa missão e foram tema do painel Tendência de Futuro, nesta terça-feira (10), no 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), evento promovido virtualmente pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet).
O zootecnista Gustavo Freire Resende Lima focou sua palestra nas inovações na área de ambiência para a suinocultura. Ele abordou a pulverização do mercado brasileiro, que conta com grandes empresas, porém tem Unidades Produtoras de Leitão (UPL) pequenas; fez análises financeiras, trouxe referências de custos para projetos, detalhes técnicos e comparações entre instalações mais antigas e galpões modernizados.
Gustavo salientou que a suinocultura tem, hoje, a mão de obra como um grande gargalo e que a tecnologia pode ser decisiva para solucionar esse obstáculo. Nesse quesito, investimentos em climatização são imprescindíveis para otimizar os custos da produção de suínos.
“O custo operacional dos galpões é elevado. Uma saída para a otimização dos projetos é o investimento em isolamento, que hoje é mínimo. Conviver com exaustores ligados o dia todo em uma UPL ou numa creche é muito desconfortável e o custo é altíssimo. Qualquer investimento que a gente faça que nos impeça de gastar em custo variável é bem-vindo”, ponderou.
Gustavo ainda abordou a robotização em galpões. Ressaltou que os produtores devem estar atentos para a biologia do crescimento, conceitos de produção e para detalhes técnicos a serem pensados num projeto de climatização, como o volume do vento e a velocidade do ar.
“Nossa suinocultura se organiza de forma bem produtiva e está cada vez mais tecnificada. Para um futuro de médio e longo prazo há oportunidades de ganho em controle de ambiente e também em redução de custos operacionais em granjas climatizadas”, finalizou o zootecnista.