Em comemoração ao aniversário de 70 anos da ABCS, o Seminário discutiu inovação, tecnologia, comunicação e tendências de mercado durante dois dias no Rio Grande do Sul.
A suinocultura brasileira viveu momentos de intensa troca de conhecimento e celebração no Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS) 2025, realizado entre os dias 3 e 5 de setembro, reunindo 300 participantes, entre autoridades e lideranças do setor, vindas de todo o país. Com o tema “Conexões que nos aproximam”, o encontro foi marcado por debates estratégicos, palestras inspiradoras e atividades culturais que ressaltaram a importância do setor para a economia e para a sociedade.
Logo na abertura oficial, realizada no dia 3, a energia dos participantes tomou conta da plenária. O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, recebeu a todos com alegria, ressaltando a presença de uma força impressionante da suinocultura brasileira.
“Reunimos hoje mais de 10 frigoríficos, incluindo a maior indústria de proteína do mundo, 5 grandes grupos do varejo. Os 12 presidentes do Sistema ABCS, 3 regionais e o nosso conselho. Mulheres líderes e suinocultores de mais de 15 estados, além de 10 empresas parceiras e empresas de genética, nutrição, sanidade, consultoria e tecnologia, o Sistema CNA/SENAR, mais de 10 veículos de comunicação e os mais renomados palestrantes nacionais e internacionais, somando mais de 300 lideranças que fazem a nossa cadeia acontecer todos os dias. Queremos que vocês aproveitem muito esse evento, que foi feito com muito carinho, pensado por quem representa os produtores. Sejam bem-vindos aos 70 anos da ABCS!”, finalizou.
Para compor a produção de conhecimento, a programação do evento trouxe nomes de peso do cenário nacional e internacional, que discutiram inovação, tecnologia, comunicação e tendências de mercado entre os dias 3 e 4 de setembro.
Palestras e debates de alto impacto
Entre os destaques esteve a palestra do economista Marcos Jank, doutor em economia de agronegócio global, que analisou os impactos da nova geopolítica no agro brasileiro, apontando desafios e oportunidades em um cenário global em transformação. Jank trouxe um contexto histórico para diversos conflitos mundiais que impactam o mercado atual, falou sobre exportação, produção e relações internacionais, trazendo boas perspectivas para a suinocultura nacional, já que a carne suína é a segunda carne mais produzida no mundo, (um crescimento de 1,4% ao ano), e a mais consumida no mundo também. “Vivemos um bom momento em relação aos custos de produção, temos condição de crescer em produtividade, e de ter acesso a novos mercados, principalmente na Ásia”, concluiu.
A inovação também esteve no centro das discussões. O especialista Arthur Igreja apresentou a palestra “Conveniência é o nome do negócio: IA e tecnologia redefinindo o agro”, trazendo uma visão sobre como as novas ferramentas digitais moldam o futuro do setor. Ele destacou que o futuro da IA está na análise de dados, na mensuração, e no aumento da qualidade da informação e processamento numa capacidade sobre-humana, contudo, segundo ele, “A IA é incrível, mas ela é uma co-pilota, o piloto continua sendo o ser humano.”
Outro momento marcante foi a fala do palestrante Romeu Bellon Junior, que destacou as oportunidades no foodservice e a crescente demanda por conveniência e qualidade no consumo de proteínas. Ele trouxe as dimensões desse mercado e também seus desafios, destacando o papel do consumidor que busca por conveniência, qualidade, padronização, experiência sensorial, personalização e conexão emocional. Já o especialista Daniel Boer, expert global em proteína animal e agronegócio sustentável, apontou as principais tendências para o segmento de foodservice, conectando inovação e sustentabilidade. Ele destacou a necessidade de conectar o consumidor ao campo, levantar dados e padronizar a indústria de proteínas para atender ao food service, trazendo soluções para os consumidores
A última palestra ficou a cargo do palestrante internacional Charlie Arnot, que falou sobre a nova comunicação do agro com o mundo. Ele explicou as mudanças de estratégia de comunicação do agro norte-americano, que costumava de ser de contra-ataque, e agora busca engajar e conectar os consumidores através de experiências e valores compartilhados. Segundo ele, o declínio das grandes mídias, e da queda da confiança em fatos, e nas instituições, abriu um novo espaço de comunicação através das redes sociais e de influenciadores digitais. Ele deixou ainda um importante direcionamento: “A confiança é o mais importante ativo em uma instituição, e segundo nossas pesquisas valores conectam mais que fatos, a conexão possibilita a informação. Conectem os influenciadores, criem experiências e oportunidades de aprendizado com engajamento com base em valores, comece ouvindo sem julgamento, ouça e pergunte primeiro, e compartilhe a sua perspectiva depois. Construir confiança exige um engajamento consistente”.
A programação foi encerrada com chave de ouro através de um debate sobre comunicação de impacto, com a participação de representantes do varejo nacional e da indústria, como José Antônio Ribas Jr., Elias Zydek, Mário Faccin, Fábio Casanova, David Buarque e Luiz Baruzzi, mostrando o que a suinocultura pode aprender com esses segmentos para ampliar sua presença junto aos consumidores, concluindo que a comunicação para fora do setor segue sendo o maior desafio do agronegócio.
A ABCS também aproveitou a ocasião para lançar dois novos manuais que falam sobre bem-estar animal e uso racional de antimicrobianos, demonstrando o compromisso da Associação com o futuro do setor.
Cultura, história e celebração
O SNDS 2025 não foi apenas um evento de promoção de conhecimento de alto valor, mas também uma imersão cultural ao local de berço da ABCS. O público participou de momentos de confraternização, como um café colonial e um show de cultura gaúcha, que homenageou as raízes da ABCS com música e danças locais, além de uma apresentação com o humorista Jair Kobe, o Guri de Uruguaiana, além de um tradicional jantar típico que trouxe aos participantes um gostinho do Rio Grande do Sul. Outro ponto alto foi a comemoração aos 70 anos da ABCS, que emocionou os presentes ao relembrar a trajetória da entidade na defesa e valorização da suinocultura brasileira, e homenagear pessoas que marcaram a história da Associação.
O ex-presidente da ABCS, Adão Braun, que esteve à frente da Associação entre 1999 a 2005, relembrou os desafios enfrentados pela suinocultura na época, de melhoramento genético ao sanitário. “Podemos apontar a suinocultura brasileira antes e depois da ABCS, e vemos como ela prosperou com a proteção de uma entidade séria, e com uma credibilidade que poucas instituições possuem, há 70 anos proporcionando desenvolvimento a milhares e milhares de municípios Brasil afora”, concluiu.