Os preços da soja na Bolsa de Chicago já acumulam mais de 3% de alta em relação à última sexta-feira (24) somente com o rally que vem sendo registrado nesta semana. O combustível do avanço vem, principalmente, das expectativas elevadas em torno das relações comerciais entre China e Estados Unidos e a retomada das operações com a oleaginosa entre os dois países. Os impactos de todo este movimento, porém, ainda são limitados no mercado brasileiro da soja. Porém, “esta é uma semana de cavalinho encilhado”, afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Segundo o especialista, as referências nos portos brasileiros já estão de R$ 1,50 a R$ 2,00 melhores nesta terça em relação ao dia anterior, em um momento em que os produtores precisam começar a se posicionar. Porém, Brandalizze explica também que novos contratos, novos negócios ainda apresentam um ritmo ainda estável, sem grandes mudanças, porque há muita cautela diante das informações que ainda precisam ser conhecidas.
“Ainda existe uma grande dúvida se os prêmios irão se manter ou não, se esse mercado vai seguir o rumo. Porque para o comprador de contrato não importa se o mercado subir ou descer, ele tem que ter uma condição de segurança e estabilidade, e não flutuação muito brusca para se posicionar”, detalha o consultor.
E embora as atenções sejam muito necessárias para o que o Brasil ainda tem para negociar da soja 2024/25, no disponível, é preciso que elas sejam redobradas para os negócios com a safra 2025/26. “O julho/26, que é uma posição muito importante pra nós, pode trabalhar entre US$ 11,50 e US$ 12,00. Mas, o produtor também não pode esperar milagre, porque estamos caminhando para uma grande safra de novo. A partir da confirmação dos negócios entre China e EUA vai ter um pouco mais de fôlego para Chicago, talvez até 50, 70 centavos, e a partir daí é mercado especulativo”, afirma Brandalizze. “Será uma semana de negócios”, complementa.
E OS PRÓXIMOS NEGÓCIOS?
O produtor precisa estar muito atento ao que que vem na sequência, uma vez que, como explica Eduardo Vanin, diretor da Agrinvest Commodities, “há muita soja neste fluxo. A situação, até aqui, favoreceu muito o Brasil com essa intensificação das compras aqui no Brasil de agosto pra cá, pensando em embarques setembro, outubro e novembro. E tendo o acordo não teremos esse ponto a nosso favor no ano que vem e isso é preocupante”.
As expectativas são, desta forma, de que as oportunidades de uma valorização muito intensa da soja sejam limitadas, e que o custo do carrego não compense ainda mais para o produtor que ainda está segurando sua soja. O importante agora é revisar a logística, as estratégias, as margens e entender que “não vai valer a pena segurar soja”, orienta Vanin.
“Havendo um acordo, chegaremos em setembro com a China tendo à disposição de 20 a 25 milhões de toneladas de soja (americana) a mais no fluxo até o final do próximo ano. Nós não tivemos isso neste ano. E quem vai vender? O mais barato (…) E o grande ‘pepino’ na China é o farelo. Se eu sou um consumidor de farelo na China e eu vejo que tenho a disposição 115 milhões de toneladas do programa de exportação do Brasil, 20 a 25 milhões de toneladas dos EUA, mais soja do que eu preciso. Tenho mais soja, mais farelo, e o farelo ainda tem sido essa barreira para o preço”, explica o analista.
Com isso, as altas que se observam em Chicago, principalmente nos contratos mais alongados, precisam ser absorvidas e bem utilizadas pelos produtores brasileiros em suas estratégias de comercialização.
PRÓXIMOS NEGÓCIOS X NOVA SAFRA
Enquanto China e Estados Unidos buscam se acertar e os preços da soja sobem na Bolsa de Chicago, a nova safra do Brasil continua em andamento. O plantio preocupa em algumas regiões do país em função da falta de chuvas, entretanto, a chegada de uma nova frente fria traz alguns bons volumes a regiões importantes de produção, permitindo o bom desenrolar dos trabalhos de campo.
De acordo com os números mais recentes da Pátria Agronegócios, a área plantada de soja no país chega a 39,83% da área, contra 35,86% do ano passado e 30,24% de média dos últimos cinco anos. Em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, a semeadura já está finalizada em 60% da área, seguido do Paraná, com 59,1%.
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“O plantio nacional se mantém acima da média dos últimos cinco anos, porém já volta a se aproximar do ritmo de 2024/25. Paraná e Mato Grosso mantêm a liderança no avanço da semeadura junto com Rondônia e a porção mais ao leste do país manteve condições de irregularidade de chuvas, o que limitou o avanço da semeadura”, analisa a Pátria.
Ainda segundo Eduardo Vanin, apesar dos problemas pontuais, com cerca de um terço da produção preocupando, o que mais importa daqui em diante é a questão logística. “Vamos ter soja disponível em janeiro, bastante soja em fevereiro. É isso que importa. No final da temporada, havendo uma quebra, aí é que teremos o efeito. Mas, na largada, o que importa é a logística e o calendário da soja, o fluxo que é o que mais impacta na formação do preço”. E com isso, os prêmios da safra nova já acumulam uma queda de 30 centavos em duas semanas.
Apesar desta queda, todavia, os preços da soja da safra nova brasileira ainda estão estáveis porque a comercialização está travada.





















































