Presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), a pecuarista Teresa Cristina Vendramini, afirma que o agronegócio já iniciou o diálogo com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Teka, como é conhecida no setor, pede mais diálogo entre o setor produtivo e o novo governo. “Já começamos a fazer isso, quando conversei com Lula ainda como pré-candidato. Vejo que o agronegócio tem portas abertas e já começou o diálogo com Lula. Agora temos que intensificar isso e pedir mais diálogo”, disse, em entrevista ao Broadcast Agro.
A SRB foi a única entidade do agro que dialogou diretamente com Lula e com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), ainda como candidatos. “É papel de entidade de classe sentar com todos e estivemos com todos candidatos à Presidência, levando as pautas do agronegócio, entregando propostas e discutindo preocupações do setor”, argumentou Teka.
Para Teka, o futuro governo terá um desafio de aproximação com o setor e de reconciliação com a sociedade, o que será necessário ser enfrentado com diálogo. “É um fato público que a maioria do agronegócio apoiou a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O agro acompanhou os avanços do governo atual em relação à regularização fundiária, com mais de 430 títulos de terra entregues, e ao respeito significativo à propriedade privada, que é a pauta número 1 do agro para produzir com segurança jurídica e principalmente, por isso, deu apoio forte a ele”, afirmou “De certa forma, o agro se surpreendeu e não ficou satisfeito com a derrota do presidente. Agora, é olhar para frente e conversar”, avaliou.
Questionada sobre as demandas do agro diante do novo governo, Teka afirma que a principal agenda e preocupação do setor é a garantia do direito à propriedade privada. “Há preocupação com a defesa da propriedade privada em virtude das invasões no passado por movimentos sociais. Foi esse o principal motivo que levou ao afastamento do setor do então candidato Lula. Não tenho dúvidas que temos de conversar sobre isso”, disse.
Além da segurança jurídica e do respeito à propriedade privada, Teka citou a eventual expansão da demarcação de áreas indígenas como outro tópico que preocupa o setor e que demanda diálogo, especialmente sobre os aspectos do novo marco temporal e das discussões dos critérios para demarcação. A ruralista também defende maior esforço na implementação do Código Florestal, a continuidade do projeto de regularização fundiária com avanço na distribuição de títulos agrícolas e investimentos para educação no campo, a partir de projetos de extensão rural e da inserção de pequenos produtores com maior tecnologia para produção cada vez mais agrosustentável. Segundo Teka, a questão indígena, a regularização fundiária e a situação dos pequenos produtores foram os temas tratados por ela em conversa inicial com Lula ainda em meados de junho como pré-candidato.
Teka vê uma situação mais favorável ao agro e ao andamento das pautas do setor pela nova formação do Congresso, com uma bancada de parlamentares mais de direita e alinhados ao setor. “Acho que podemos ter avanço de pautas importantes. Temos hoje uma situação da maioria dos novos parlamentares ligados à área rural e à direita. Temos que ter equilíbrio e conversar, juntar essas forças e uma bancada forte e dialogar as pautas do setor com governo e sociedade”, defendeu.